terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Epidemia e enfrentamento social


O Ministério da Saúde reconheceu que estamos vivendo uma epidemia. Isso se deve ao acentuado número de fetos e neonatos com microcefalia, observados especialmente no nordeste do País, superando 700 casos.
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), a Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS) estão alertando para o fato de estarmos enfrentando, na verdade, uma epidemia de uma doença infecto-contagiosa causada possivelmente por um vírus com tropismo pelo sistema nervoso central, que provoca uma encefalopatia. Os exames de imagem, especialmente, a ultrassonografia, constatam que há uma acentuada destruição do sistema nervoso dos bebês acometidos. A etiopatogenia da microcefalia sugerida é uma encefalite, que leva a lesões destrutivas do cérebro, decorrentes do processo inflamatório infeccioso num órgão em formação.
A lesão destrutiva do cérebro não permite o seu crescimento adequado (microcefalia), e a falta de crescimento cerebral não estimula o crescimento craniano, que é o que medimos na ultrassonografia e no recém-nascido.
Os médicos brasileiros e as entidades médicas estão concentrando esforços para descobrir o real agente etiológico desse processo, que parece ser o Zika Vírus, ou outro que as pesquisas indicarem, a forma de transmissão, a virulência do vírus e qual o perfil dos indivíduos infectados. Já identificamos que ele acomete gestantes, provavelmente, no primeiro trimestre de gestação.
Há suspeita que possa também atingir outros grupos de seres humanos, incluindo adultos. Dessa forma, precisamos estar atentos, pois enfrentamos uma epidemia sim, mas não se trata apenas de um surto ou epidemia de uma malformação isolada, pois a microcefalia é o resultado ou sequela do processo destrutivo do tecido nervoso, causado por esse agente infeccioso. A relativa baixa velocidade de disseminação, mas crescente, da doença para outras regiões deve-se à forma de contágio, presumivelmente pelo mosquito.
Sendo assim, o médico ultrassonografista ou especialista em medicina fetal tem condições de identificar sinais ultrassonográficos do comprometimento fetal. Devido ao aparecimento tardio, em muitos casos, sugere-se especial atenção dos colegas nos exames morfológicos fetais no segundo e terceiro trimestres.
Por hora, recomendamos a todos, particularmente às grávidas no primeiro trimestre de gestação, que usem repelentes e qualquer gestante que apresente lesões pelo corpo com prurido, que procurem seu médico pré-natalista imediatamente, para avaliação e recomendações particularizadas.

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