Uma brincadeira que tomou as redes sociais recentemente fez com que o
mundo refletisse sobre o impacto deste período nos dias atuais
Nos últimos dias, uma pergunta inusitada se espalhou pelas redes sociais
ao redor do mundo. Com que frequência os homens pensam no Império Romano?
Aparentemente, muita.
O que começou como uma brincadeira, fez com que as buscas pelo período
histórico em ferramentas de busca aumentassem exponencialmente. Nos Estados
Unidos, as pesquisas sobre o tema no Google atingiram seu maior número em dez
anos, com um crescimento de 600% de uma semana para outra.
Mas, afinal, o que há para pensar sobre o Império Romano de forma tão
frequente nos dias atuais?
Fundado em, aproximadamente, 27 a.C., o Império Romano existiu por cerca
de 500 anos e teve seu fim em 476 d.C, com a queda do Império do Ocidente.
Durante esse período, ele dominou grande parte da Europa Ocidental, assim como
pedaços do norte da África e do Oriente Médio.
O Império Romano, caracterizado por sua organização política, militar e
administrativa altamente sofisticada, estabeleceu uma série de instituições e
leis que influenciaram profundamente a cultura e a política subsequentes em
todo o mundo ocidental. Seu impacto perdura até os dias de hoje em áreas como
governo, direito, língua e cultura.
Confira a seguir algumas das invenções do Império Romano que continuam
presentes na vida das pessoas atualmente:
1- Concreto
Os antigos romanos desenvolveram, por volta do século III a.C, uma forma
primitiva de concreto, conhecida como “opus caementicium”, que era composta por
uma mistura de cinzas vulcânicas, cal, pedras e água. Esse material foi
utilizado para construir uma variedade de estruturas, inclusive aquelas que se
tornaram pontos turísticos nos dias presentes como o Panteão, o Coliseu e o
Fórum Romano.
Desde então, o concreto se tornou um dos materiais mais amplamente
usados na construção civil devido à sua versatilidade, durabilidade e
resistência. Desde então, ele tem sido usado em uma variedade de aplicações,
desde edifícios e pontes até barragens e estradas, desempenhando um papel
fundamental na infraestrutura moderna.
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2- Estradas
No seu auge, o Império Romano cobria uma vasta área. Presidir e
administrar um território tão grande exigia um sistema rodoviário sofisticado.
As estradas romanas, muitas das quais ainda são usadas, foram construídas
com terra, cascalho e tijolos feitos de granito ou lava vulcânica endurecida e
acabaram se tornando o sistema de estradas mais sofisticado que o mundo antigo
já viu.
Os engenheiros aderiram a regras arquitetônicas rígidas, criando
estradas famosas por seu formato reto e com laterais e margens inclinadas para
permitir o escoamento da água da chuva. Por volta de 200, mais de 80.000
quilômetros de estradas haviam sido construídos, o que permitiu que a legião
romana viajasse até 40 quilômetros por dia.
Placas de sinalização informavam aos viajantes o quão longe eles teriam
que percorrer, e equipes especiais de soldados atuavam como patrulha
rodoviária. Juntamente com uma complexa rede de correios, as estradas permitiam
uma transmissão mais rápida de informações.
Hoje, a construção e manutenção de estradas é uma parte vital da
infraestrutura em todo o mundo. Elas desempenham um papel fundamental na
mobilidade, no comércio e na conectividade global e sua qualidade e eficiência
continuam a ser melhoradas pela tecnologia moderna.
3- Aquedutos e
sistema de saneamento
Embora os antigos romanos não tenham sido os primeiros a implementar um
método de saneamento, o seu sistema era muito mais eficiente e se baseava nas
necessidades do público. Eles construíram não apenas um sistema de drenagem,
como também banheiros, linhas de esgoto interligadas, latrinas e um sistema de
encanamento eficaz.
A água do riacho passava pelas tubulações de água e descarregava
regularmente o sistema de drenagem, o que o mantinha limpo. Ainda que as águas
residuais fossem despejadas no rio mais próximo, o sistema era eficaz como meio
de manter um nível de higiene.
Estas inovações sanitárias foram, em grande parte, possíveis graças ao
aqueduto romano, que foi desenvolvido por volta de 312 a.C. Ao utilizar a
gravidade para transportar água ao longo de condutas de pedra, chumbo e betão,
grandes populações foram libertadas da dependência de abastecimento de água
próximo.
Centenas de aquedutos cobriram o império, alguns deles transportando água
até 60 milhas, e alguns até sendo usados hoje. A Fonte de Trevi, em Roma, por
exemplo, é abastecida por uma versão restaurada do Aqua Virgo, um dos 11
aquedutos da Roma antiga.
Atualmente, os aquedutos continuam sendo parte importante dos sistemas
de abastecimento de água modernos, que utilizam uma variedade de métodos e
tecnologias para garantir que água limpa e segura esteja disponível para as
populações urbanas e rurais.
Já o saneamento básico, ainda que enfrente desafios em muitas partes do
mundo, tem um impacto significativo na melhoria da saúde pública e na qualidade
de vida de comunidades espalhadas por todo o planeta.
4- Serviço postal
Estabelecido por volta de 20 a.C pelo imperador Augusto, o sistema
postal criado pelo Império Romano era conhecido como ‘cursus publicus’ e se
tratava de um serviço de correio obrigatório e supervisionado pelo Estado.
Nele, eram transportadas mensagens, receitas fiscais entre a Itália e as
províncias, e até funcionários quando estes precisavam de viajar por grandes
distâncias.
Para este fim, era utilizada uma carroça conhecida como ‘rhedæ’. Em um
dia, um mensageiro montado podia viajar 80 quilómetros e, com a sua vasta rede
de estradas bem concebidas, o sistema postal da Roma antiga foi um sucesso e
funcionou até ao século VI.
Séculos depois, os serviços postais em todo o mundo oferecem uma ampla
gama de serviços, desde a entrega de correspondências e pacotes até serviços
bancários e logísticos. As agências de correio modernas são essenciais para a
comunicação global e o comércio internacional.
5- Subsídio
governamental
Os programas governamentais de bem-estar social, mesmo que possam ser
considerados um conceito moderno, já existiam na Roma Antiga, em 122 a.C. Na
época, foi implementada uma lei conhecida como “lex frumentaria”, que ordenava
ao governo de Roma que fornecesse aos seus cidadãos quantidades de cereais
baratos.
Em seguida, surgiu um programa chamado ‘alimenta’, que ajudou a
alimentar, vestir e educar crianças pobres e órfãs. Outros itens como azeite,
vinho, pão e carne de porco foram posteriormente adicionados a uma lista de
bens com preço controlado, que provavelmente foram recolhidos com fichas
conhecidas como ‘tesserae’.
Essas ações eram populares entre o público da época, mas, de acordo com
alguns historiadores, contribuíram para o declínio económico de Roma.
Até os dias atuais, muitos países utilizam os subsídios governamentais
em diversas áreas, como agricultura, energia, educação, saúde, transporte e
indústria. Eles podem ser usados para atingir diversos objetivos, incluindo o
apoio a setores estratégicos, a redução da desigualdade, o estímulo ao
crescimento econômico e a promoção de políticas públicas específicas. A
natureza e o escopo dos subsídios variam amplamente de acordo com as políticas
e as necessidades de cada nação.
E você, com que frequência pensa no Império Romano?
Anna Dulce.