O Congresso Nacional entrou em
férias, sem decidir duas explosivas propostas: o impeachment da presidente da
República e a cassação do mandato do presidente da Câmara.
Enquanto os parlamentares veraneiam, o povo
espera pela sua volta, para, então, decidirem sobre a provisoriedade instalada
no governo, na direção da Câmara dos Deputados e em outros quadrantes do poder
político-administrativo, cujos integrantes figuram entre os denunciados e
processados pelos sórdidos esquemas de corrupção e malversação do bem público.
A sensação que sobra é de abandono,
de já termos batido no fundo do poço, pois, ao lado da crise política, há a
econômica, causando inflação, desvalorização da moeda, desemprego, fome e
outros efeitos típicos.
Enquanto os agentes políticos se debatem
por suas teses, a economia sangra, e o povo sofre. O Brasil perde avaliação no
mercado internacional, a produção cai, e a miséria se amplia. Parece termos
chegado ao final de mais um ciclo da história política nacional,
tradicionalmente, composta por períodos relativamente curtos. Tanto que já
vivemos a Sexta República.
O modelo de democracia, construído a partir da
Constituição de 88, apresenta feridas letais. A classe política, integrada por
indivíduos que aparecem na televisão elogiando o próprio passado - quando
participaram de assaltos a bancos, sequestros seguidos de mortes, atentados e
um sem fim de atos contra a vida e o patrimônio, os quais só podem ser
praticados por seres frios e calculistas - é duramente acometida pela corrupção
que, em maior ou menor proporção, mancha a esmagadora maioria dos partidos e
suas lideranças; todos poluídos pelos esquemas já apurados no Mensalão, na Lava
Jato e em outros processos e investigações sobre o assalto aos cofres públicos,
para o custeio de campanhas eleitorais e até para o enriquecimento ilícito de
destacadas figuras.
A revelação dos malfeitos e a luta do
salve-se-quem-puder destroem a reputação dos atuais detentores de mandatos e
lideranças partidárias. É preciso fazer algo para salvar o Brasil, maior vítima
de todo esse quadro adverso.
A Constituição não prevê, mas o
melhor seria, diante da ingovernabilidade e da infuncionalidade congressual,
buscar o caminho da reforma plena. Em vez da interminável tramitação de
impeachment e cassações, convocar, para dentro de 120 dias, eleições para
Presidente da República, Senador e Deputado Federal.
Nesse ano, já teremos uma eleição (de
prefeitos e vereadores). Bastaria agregar os outros cargos à consulta popular,
sem maiores delongas. Poderia também se eleger governadores e deputados
estaduais, estabelecendo-se, assim, o dia de eleição geral a cada 4 anos,
conforme já se tentou no passado.
O país não pode continuar
indefinidamente com governantes e congressistas suspeitos e sem o apoio da
sociedade. Se nada for feito, corremos o risco do povo ainda sofrer a chamada
“síndrome de Estocolmo”, sendo levado a crer que o político delinquiu, mas,
mesmo assim, é bom. Uma eleição geral, com campanha séria e competente,
legitimaria o poder em todos os pontos, onde, hoje, ele é contestado e padece
de representatividade. Quanto aos crimes cometidos contra o erário, isso é
questão de polícia e justiça. Os processos têm de continuar, e outros se
formarem até que os implicados paguem pelo mal que fizeram...
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