Ativismo é uma palavra de peso! Ela representa práticas
que pretendem transformações da realidade, saindo da especulação pura e
simples, para a atuação quase sempre visível. Há ativistas anônimos, como todos
nós, que reciclamos, economizamos, cuidamos do que temos com zelo e
responsabilidade.
Quero falar do ativismo escancarado, aquele que presenciamos
todos os dias e grita nossas mazelas. Não dá pra imaginar um mundo sem a
interferência dos ativistas ambientais, dos Direitos Humanos, das mulheres, dos
índios, quilombolas, grupos LGBT, pelas crianças e idosos, enfim, são grupos
que incomodam, e como!
A jornalista Adriana Carranca lançou o livro Malala, a Menina
que Queria Ir para a Escola (Companhia das Letras), em uma reportagem que
retrata a menina de dezesseis anos, paquistanesa, baleada dentro de um ônibus,
em 2012, por um grupo radical paquistanês, por querer estudar.
Malala representa as mulheres confinadas em casa, enroladas
dentro de burcas, mantidas longe do convívio social e das escolas. Há países
conseguindo regredir ao tempo dos califados, tentando reeditar seus princípios.
Mas o movimento silencioso dessas mulheres no sentido de libertarem-se das
imposições é uma realidade.
O ativismo feminino é transformador. No ocidente do século XX,
as mulheres conquistaram o direito de votar, de estudar, de trabalhar ao lado
dos homens, de conquistar um lugar em todas as instâncias sociais e políticas,
tendo hoje todos os seus direitos assegurados. Há ainda resquícios machistas,
que tolhem os plenos direitos que elas conquistaram com tanto fervor.
O que está em marcha no oriente é muito mais difícil, mas as
mulheres como Malala, mesmo tão novinha, formam um exército cuja atuação é
inexorável. A visibilidade de Malala é um golpe na falta de tolerância e em
direção à paz. As mães oprimidas lutam por seus filhos e filhas. Uma mãe que
consegue estudar não admite ter filhos ignorantes. As mães alfabetizadas
alfabetizam seus filhos. As mães que têm acesso a livros, alcançam o conhecimento
aos filhos.
Os movimentos das mulheres são constantes e irreversíveis. As
médicas, engenheiras, sociólogas, psicólogas silenciadas no oriente não estão
paradas. Elas estão encontrando jeitos que produzem filhos como Malala. A
coragem juvenil tem uma origem, que certamente parte de mães que lutam por seus
filhos.
Há que ter esperanças enquanto houver mães. A ingerência
feminina na vida dos filhos é uma força poderosa. Negligenciar essa força é
condenar o mundo à degradação em todos os níveis. São as mulheres que
impulsionam as mudanças necessários em direção ao desenvolvimento humano.
Devemos reverenciar o ativismo. Sem os ativistas chatos,
persistentes, cuja tenacidade incomoda tanto, o mundo seria muito mais poluído,
as mulheres não teriam nenhuma voz e nem vez, as leis seriam favoráveis apenas
ao que é imediato e útil.
A exemplo de Miriê Tedesco, a nossa pensadora empreendedora, que
colocou a boca no trombone na semana passada, em favor dos que geram empregos e
são tão sacrificados pelas políticas econômicas, assim como dos desempregados
vítimas da tão propalada crise, devemos ficar atentos e não nos acomodar ao o
status quo, que cerceia, que limita nossa atuação cidadã, reagindo cada um na
sua área de atuação.
O mundo tem um símbolo de luta. Em qualquer atividade humana
devemos olhar para a frente, para o novo, para o desenvolvimento das
potencialidades de todas as pessoas. Malala quer estudar e está estudando,
apesar de tão requisitada para gritar o que as mulheres querem. A liberdade é a
bandeira maior de quem pensa e contribui com a evolução humana.
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