quinta-feira, 4 de junho de 2015

Infância virtual

Falar de infância também é falar de cultura e de modernidade. Assim como outras fases da vida, ela sofre alterações a cada geração e é por isso que, muitas vezes, pais e demais adultos ficam surpresos com os comportamentos vistos nos filhos ou demais crianças.
Desde bebê, a criança utiliza da observação para aprender sobre o mundo ao redor dela. É através do uso dos sentidos e da imitação que pronuncia suas primeiras palavras, seu comportamento e formas de expressão. Podemos considerar que aquilo que a criança manifesta e apresenta é o reflexo do meio em que está inserida.
É frequente o comentário, muitas vezes queixoso, de adultos a respeito de crianças e pré-adolescentes ou adolescentes fazendo uso de eletrônicos de forma demasiada. Embora seja uma utilidade relativamente nova, tablets, celulares e computadores já estão fortemente infiltrados em nossos cotidianos, tanto podendo servir como ferramenta de trabalho, quanto para lazer e entretenimento.
Diferentes instituições estão realizando ou já realizaram estudos para investigar o quanto as crianças estão sendo influenciadas por este sistema tecnológico. Alguns estudos constataram que certas crianças optam por ficarem em casa para poder fazer uso dos eletrônicos, elas associam o brincar ao estar conectado; outros também constataram que cada vez o número de crianças com contato à natureza é menor.
Os resultados de ambos são preocupantes, dado ao que entendíamos por infância.
É possível que nossos padrões estejam sendo modificados a partir do ponto em que toda a sociedade e seu modo de funcionamento também está se modificando, enquanto o uso de aparelhos eletrônicos está substituindo outros meios de comunicação, outros hábitos, da qual utilizávamos antes. Em grandes escalas, isso modifica todo o nosso cotidiano, nossas prioridades e a nossa forma de pensar e agir.
Como dito anteriormente, a atitude infantil ou juvenil, na maioria das vezes, é o reflexo daquilo que está ao seu redor. Cabe a observação dos pais e cuidadores tanto para o seu próprio modo de utilizar estes eletrônicos, quanto para a forma como a televisão, os computadores e demais meios estão sendo oferecidos e utilizados por essas crianças. Eles não devem substituir por completo outros tipos de brincadeiras que estimulam criatividade e socialização, por exemplo. O contato, a relação com os demais, é essencial para um desenvolvimento saudável. Olhar nos olhos da criança, dedicar um tempo especial a ela, são importantes para que ela se sinta cuidada e amada. Abster-se, porém, do uso desses eletrônicos tão pouco poderá auxiliar - compreendendo que estes também podem trazer certos benefícios, quando bem utilizados. 
A principal questão é equilibrar ambas as atividades e estar sempre vigilante com as redes sociais e as informações que estão sendo passadas e recebidas.
Diante de nossa realidade atual, bastante virtual, cabe a reflexão sobre as modificações vividas. É papel do cuidador também ser mediador destas atividades de forma consciente. Não podemos exigir uma realidade que já não existe mais, mas podemos reforçar aquilo que ainda nos é possível. Os espaços de lazer e as brincadeiras hoje são diferentes, mas há sempre boas opções de atividades para se realizar com as crianças e mostrá-las uma outra possibilidade de lazer e entretenimento. 
Cabe lembrar que é a partir destas atividades que certas habilidades também serão estimuladas, como a relação com o próximo, o respeito, a cooperatividade, a compreensão de seus próprios sentimentos, lidar com a frustração, entre outros - muitos destes não experimentados em sua intensidade pelos jogos virtuais ou pela televisão. Não apenas trarão benefícios ao próprio desenvolvimento da criança, mas, essas outras atividades lúdicas e interativas, também trarão benefícios para a relação familiar. Além do mais, são os ensinamentos e vivências infantis de hoje que irão refletir nos adultos de amanhã.
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