A Páscoa aproxima-se e, com ela, os ovos de chocolate. Algumas
pessoas consideram esta associação ruim, pois, neste caso, os personagens
infantis que estampam as embalagens são uma ofensa à dignidade da criança e por
isso não deveriam ser permitidos.
Creio que esta visão seja equivocada, pois tudo depende de como
os pais lidam com os filhos em datas comemorativas. Definitivamente, os
brinquedos e personagens associados aos ovos de Páscoa, por si só, não são uma
violência mercadológica contra a criança.
Podemos, sim, falar de consumo com as crianças, inclusive na
Páscoa, desde que a conversa seja pautada em educação, respeito e afeto. Esta é
mais uma oportunidade durante o ano para os pais ensinarem aos filhos os
preceitos do consumo consciente.
Criança é prioridade, precisa sempre ser protegida e deve ser
orientada e educada para o consumo saudável. Para isso, um conjunto de práticas
é necessário, como a educação para o consumo em casa e na escola; mercado
atuando de forma ética e responsável; diálogo transparente, coerente e
respeitoso entre a sociedade e da sociedade para com as crianças; aplicação das
leis existentes em caso de abuso nas práticas mercadológicas; e,
principalmente, bom senso e equilíbrio de todos os envolvidos.
Ao respeitar esses pilares, estaremos alinhados com países que,
como o Brasil, adotam um sistema misto e eficaz de controle para a publicidade
infantil e, assim, preservam uma relação justa e respeitosa entre mercado e
consumidores. Se sua família tiver o hábito de conversar sobre a necessidade de
consumir de forma responsável, você vai poder dizer ao seu filho que sim, a
Páscoa está próxima, e que com ela vêm os ovos de Páscoa.
Uma
família harmônica poderá escolher entre: um ovo de Páscoa do personagem
preferido; um ovo de um pequeno produtor, contribuindo para a economia local;
doar um ovo para uma criança carente; ou até mesmo trocar o ovo de Páscoa por
algo simbólico para a criança, se os pais entenderem que a criança não deve
consumir chocolate.
Não é necessário pânico, tampouco fugir do supermercado nesta
época do ano. Aos pais é importante, como educadores, usar as datas
comemorativas para fortalecer o senso crítico das crianças. É importante lhes
mostrar que podem e são capazes de entender o que é bom ou não para elas.
Seu filho pode e deve ser capaz de fazer parte do mundo em que
vivemos, de forma consciente e inclusiva. Colocá-lo numa bolha ‘antitudo’ não é
saudável, não é natural.
Já é sabido que a criança responde positivamente ao que lhe é
ensinado. Educar seu filho para escolher um alimento mais saudável que o outro
(independente de ter um personagem ou não) é uma responsabilidade diária,
constante e que faz parte do papel de ser pai, mãe e educador.
Nenhuma
data comemorativa deve ser pretexto para o consumo desenfreado, seja ela
Páscoa, Natal ou aniversário. Se você constrói a educação dos seus filhos
baseada em valores como amor, fraternidade, respeito, ética e consumo
consciente, com certeza não vai se preocupar se um produto está sendo vendido
com esse ou aquele personagem em sua embalagem.
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