segunda-feira, 21 de abril de 2014

Vaginas artificiais são implantadas em quatro garotas nos EUA



Quatro jovens que nasceram sem vagina ou com o canal vaginal anormal receberam implantes de material cultivado em laboratório feito a partir de suas próprias células. As genitálias foram transplantadas com sucesso pela primeira vez. As operações foram realizadas há oito anos, mas só agora foi constatado que as mulheres que receberam o tratamento, adolescentes na época da cirurgia, hoje têm órgãos sexuais completamente normais.

Na época das cirurgias, feitas entre junho de 2005 e outubro de 2008, as jovens tinham entre 13 e 18 anos de idade. O médico responsável pela pesquisa esperou os oito anos para divulgar o resultado final do tratamento para ter certeza de que não haviam complicações de longo prazo."Depois da operação elas têm níveis de desejo normais e conseguem atingir o orgasmo", afirma Dr.Anthony Atala, da Faculdade Wake Forest, na Carolina do Norte.


Duas das mulheres, que nasceram com útero funcional, mas sem vagina, agora também menstruam normalmente. Ainda não está claro se elas poderão ter filhos, mas o fato de estarem menstruando sugere que seus ovários estão funcionando direito – razão pela qual uma gravidez é possível, explicou Atala.

Síndrome rara
As quatro mulheres possuíam vaginas mal-formadas devido a uma condição rara chamada Síndrome de  Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MKRH), que, estima-se, afeta uma a cada 5 mil mulheres. Elas também tinham anormalidades no útero, apesar de terem a vulva desenvolvida (a parte externa do órgão sexual, que inclui os lábios e o clitóris). Por causa da condição, elas não conseguiriam fazer relação sexual com penetração e/ou menstruar. Uma das mulheres que recebeu o transplante, foi diagnosticada após precisar ter sua menstruação coletada através de uma incisão no abdômen.

O procedimento
O médico Atala e sua equipe removeram um pequeno pedaço da vulva das voluntárias e, através dessas células, começaram a multiplicá-las em laboratório. Em cerca de quatro semanas,eles tinham a quantidade de células necessárias para começar a construir as vaginas, da mesma forma que uma impressora 3D: colocando camadas de células uma sobre a outra.

O desafio era saber como conseguir que as células amadurecessem no laboratório - elas precisam ser maduras o suficiente para que, quando sejam implantadas no corpo, "recrutem" outra células para criar nervos e vasos sanguíneos. Assim, o órgão não é apenas um objeto ligado ao corpo, mas passa a fazer parte do organismo.

Após as células estabelecer, conforme o processo descrito acima, Atala e sua equipe usaram ressonância magnética para calcular o tamanho certo do órgão para cada paciente. Então eles criaram uma cavidade no abdômen de cada uma das adolescentes para inserir a vagina 'de laboratório'. Para mantê-la no formato correto, as pacientes precisaram usar uma prótese interna por seis semanas.

Depois de seis meses do transplante, as vaginas estavam completamente desenvolvidas e as mulheres já conseguiam menstruar.

Este é o primeiro estudo-piloto a demonstrar que vaginas cultivadas em laboratório com as próprias células das pacientes podem ser usadas com sucesso em humanos, oferecendo uma nova opção para mulheres que necessitam de cirurgias reconstrutivas.


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