terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O porquê dos relacionamentos chegarem ao fim com tanta frequência

De acordo com uma pesquisa acadêmica da advogada Denise Carvalho, os principais motivos para que a vontade do fim de um relacionamento venha à tona são: a falta ou excesso de sexo, traição e/ou a falta de afetividade. Resaltando que ouve uma inversão de valores, na qual quem procurava por divórcio eram os homens e, hoje, as mulheres procuram e tomam a iniciativa de solicitar a anulação da união.
A advogada na área de Família, há mais de 20 anos, Denise Carvalho, graduada em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto em São Paulo, que é professora universitária, procuradora jurídica da UEG, membro do instituto brasileiro do Direito de Família, entre outros atributos, esclarece questões sobre o divórcio. 
Veterana em processos de divórcio a advogada percebe que as separações de cônjuges acontecem devido à instabilidade dos afetos na sociedade contemporânea, que leva a um doloroso auto questionamento, que é capaz de colocar os ideais e valores em segundo plano. “As pessoas não pensam em se casar para viverem o resto da vida juntos, mas sim de forma prática, casam e se não der certo separam. Eu me faço essa pergunta. Se casa pelo status ou pelo amor?”, afirma.
Em seu escritório, Denise percebe que os casais chegam para solicitar o divórcio e não têm um fator de grave convencimento, mas alegam que tiveram uma briga no final de semana e acham que não vão dar certo pra o resto da vida. “Falta estabilidade emocional, sentimento de amor verdadeiro e diálogo”, diz Denise.
Os trâmites do divórcio atualmente, tornou-se mais fácil do que o próprio casamento garante a advogada. Para o processo de separação basta um querer, ser maior de idade, capaz de decisão e se não tiver filhos é só procurar um cartório e fazer o divórcio extrajudicial.

Outro fator para o aumento de divórcios segundo a advogada é a independência feminina, “Se fizermos um paralelo com a sociedade antiga em que nossos pais e avós, no tempo em que as mulheres dependiam financeiramente de seus parceiros, na qual elas ficavam em uma situação de um casamento caótico, mas mantiam o status de casada. E hoje o mercado de trabalho foi aberto para o “sexo frágil”, e as mulheres não pensam duas vezes e se o homem não a faz feliz ela desfaz o casamento”, disse.
traição virtual: maior causa dos divórcios
Segundo o site britânico especializado divorce-online.co.uk, o número de divórcios causados pelas redes sociais aumentou. O número chega aos 28 milhões, tornando-se 20% dos pedidos de divórcio. A investigação deste site de advogados britânicos revela que traição virtual é apontada em quase todas as causas de separação nos últimos meses.
A traição virtual foi o motivo do término do namoro da empresaria e jornalista que prefere manter o nome em sigilo, mas será chamada de Úrsula nessa reportagem. Úrsula estava em um relacionamento a mais de quatro anos, do qual há um ano e meio era noiva e iria se casar.
Úrsula que tinha o costume de dormir na casa do namorado, um dia, resolveu ver o histórico de conversa dele em uma rede social, após o ex ter dormido. Mas descobriu o que mais temia, uma traição on-line.
Após a descoberta eles terminam por telefone. Úrsula ficou chateada e decepcionada pela atitude do ex, mas depois de algum tempo separados, conversaram e se perdoam. “Guardar mágoas assim só nos faz sofrer ao lembrar-se da outra pessoa e eu decidi perdoar e seguir a vida sem ele”, desabafou.
A advogada Denise conta que casos como o de Úrsula tem sido comum em seu escritório. Sendo que o adultério era considerado crime tipificado no Código Penal, mas em 2005 esse crime saiu do código penal através da Lei número 11.106, de 2005, com o argumento de que a traição não afeta a sociedade e sim cônjuge traído. Portanto quando isso acontece as pessoas se acham no direito de fazer o que bem entendem e entendem que não serão penalizados por cometer o adultério.
“Mas não é bem assim, pois o novo Código Civil brasileiro que é a Lei número 10.416, de 2002, passou a vigorar, em 2003, e fala da fidelidade. O artigo 1.566 do Código Civil inclui a fidelidade como obrigação do casamento e de qualquer relacionamento estável”, garante Denise.
A infração a esse artigo tem fundamentadas várias ações de indenização e divórcio. “Quando me perguntam, se o cônjuge apresenta provas concretas da traição, como e-mail, conversas em bate-papo on-line, imagens ou vídeos ajuda no divórcio? Eu respondo: Ajuda na prova da quebra da infidelidade e embora não seja crime é um dever do casamento”, conta a advogada.
A troca de mensagens virtuais, cujo conteúdo revele um envolvimento amoroso com terceiro evidencia a quebra do dever de fidelidade. Mesmo não tendo concluído algum tipo de ato sexual, a atitude pode ser encarada como uma causa do pedido de divórcio.
O benefício para o indivíduo traído pode ser positivo: “Hoje os tribunais brasileiros tem julgamentos no Mato Grosso, Minas Gerais e em outros locais, que já deram ganho de causas para pessoas que sofreram sequelas de trauma emocional adquirido, como depressão, ansiedade, baixa autoestima e em alguns casos até a indenização por danos morais”, disse.
Em entrevista ao DMRevista a psicóloga clínica, psicoterapeuta, psicopedagoga, especialista em Orientação Vocacional e Psicodiagnóstico, Gláucia Barbosa de Oliveira Pedreira, 32, atuante na Clínica Logos Psicologia esclarece algumas dúvidas e motivos para o aumento dos divórcios.
DM Revista – O porquê dos casais estarem se separando tanto ultimamente?
Gláucia Barbosa – Pode parecer que não, mas momento em que pequenos quebramos um brinquedo e somos motivados ou não juntar os pedaços , tentar concertar para tê-lo novamente ou simplesmente na primeira queda jogar fora e comprar outro. Exemplos como este nos mostra que crescer com esse conceito é crescer acreditando que tudo é descartável, até mesmo amizades, casamentos, bens materiais. A dedicação, o tentar novamente, está dando o lugar a uma atitude de “liberdade” egoísta na qual o compromisso de que “ate a morte nos separe”, seja substituído infelizmente por uma crença de que a separação será sempre uma “solução”. 
DM Revista – Quais as principais influências dessa sociedade imediatista nos relacionamentos atuais?
Gláucia Barbosa – Nesta nova geração de casamentos vindo de uma sociedade imediatista, um problema comum é muitos se casarem por impulso, empolgação. É o casal não pensar muito no porquê estão se casando. Em vez de decidir pelo casamento, eles “caem” no casamento, se casam por acreditar que estão na idade certa ou porque “é o caminho natural” da relação, não querem ser o solteiro do grupo e se não der certo é só se separar. Casar não é morar com o namorado. A convivência, as responsabilidades e obrigações sociais são diferentes. Mas a dedicação ao relacionamento está cada vez mais esquecido.
DM Revista – Quais são os principais questionamentos?
Gláucia Barbosa – Os mais relatados são a falta de tempo e dedicação de um dos parceiros, falta de diálogo, egoísmo, ter metas e objetivos muito diferentes, a invasão a individualidade de cada um. A ideia de que ”Casando o outro muda”, a falta do perdão,não conhecer bem o parceiro, que nem tudo é como era antes, problemas em família, problemas com os filhos.
DM Revista – O que o casal pode fazer para contornar a situação e melhorar o relacionamento?
Gláucia Barbosa – O que é preciso reconhecer é que nenhum casal é 100% compatível e que a vida a dois exige cuidados. Todo casamento vai ter crise. Isso pode destruir ou amadurecer o casal. A chave é fazer acordos e procurar não o que é melhor para mim, mas o que é melhor para os dois.


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