terça-feira, 19 de abril de 2016

Cultura do corpo perfeito: saiba qual é a medida ideal


Desde os gregos, queremos lapidar o corpo. Mas qual a medida exata da perfeição?

O corpo perfeito deve combinar massa muscular, estética e saúde física e mental. De nada adianta beleza com o não funcionamento de órgãos vitais, muitas vezes destruídos pelo uso de substâncias prejudiciais ou deformados pelo sedentarismo.
Apesar desta visão dominante, o corpo perfeito também precisa se adequar a uma cultura.  Ou seja, é a sociedade que define este padrão através da mídia, da sociedade civil e da influência dos padrões do Estado, através de órgãos reguladores.

“Sou básica: como um quilo de peito de frango por dia e 20 claras de ovos, que é proteína. O carboidrato é o arroz integral”. diz a campeã Thaissa Costa.


Sob este argumento, não é o corpo que inspira os padrões, mas o formato cultural que dita a beleza de cada época.  Assim, o perfeito é um “discurso”, algo que se aceita e que se toma como verdades através dos reiterados diálogos sociais.
A nutricionista Daiana Mendes Freitas explica que mais do que se preocupar com o corpo perfeito, as pessoas comuns devem se atentar para a alimentação adequada, comer corretamente e evitar o sedentarismo.
“O corpo perfeito é um mito. A não ser que existam padrões fixos, como os concursos que avaliam tanto a cultura muscular quanto a beleza corporal, o corpo perfeito é aquele que você consegue ao evitar doenças e promover uma boa forma”, diz.
“A medida que interessa é aquela do teste de glicemia e de outros exames, quando você observa que está fora ou dentro da margem. Se o seu hábito alimentar o leva para o diabetes, com certeza, você não tem mais um corpo perfeito”.
GORDO E BELO
Em recente projeção do artista Nickolay Lamm, especialista em 3D, o homem perfeito das últimas décadas do século 19 assumiu a posição de que belo é ser gordo. Sem fácil acesso aos alimentos gordurosos, principalmente os industrializados, restava aos pobres admirar a obesidade, que representava sinal de riqueza e consumo.
O belo do século 19 era gordinho, pois demonstrava poder para consumir.

Mas quem anda hoje pelas ruas de Goiânia, por exemplo, vai ignorar o corpo de 1870 e focar seu olhar na beleza dos anos 2016.  A ‘beleza’ do século 21 é formada pelo corpo magro e musculoso – ao menos para o olhar dominante.
Essa preocupação com o físico e o belo é bastante natural e teve origem junto aos gregos. Antes dos atenienses e espartanos, o homem buscava a força. E a mulher se contentava com a genética.
Na modernidade, existe a preocupação com o corpo, mas também em entender como colocar este corpo na sociedade. De acordo com a mestre em Educação Física Betania Bolsoni, a própria inserção da educação física nas escolas já demonstra uma preocupação da modernidade com a saúde. O problema, diz ela, estaria na busca exclusiva da mecanização do corpo.
A pesquisadora explica que a partir da leitura do filósofo Michel Foucault sobre a relação do homem com o corpo, a modernidade tem procurado tomar consciência e realizar ações para o ato de cuidar de si mesmo.
Para Foucault, “as práticas de si” podem ser traduzidas em uma forma de observação e análise da própria vida. A pesquisadora explica em sua pesquisa que o corpo de cada sujeito não é apenas resultado da constituição biológica, mas a constituição de desenvolvimento cerebral e comportamentos culturais.
Um dos temores de quem defende esse ideal de Foucault é fazer com que o corpo seja tratado exclusivamente de forma mecanizada, principalmente através de exercícios em partes isoladas. O corpo, para este grupo, não estaria separado do espírito.
Para essa corrente, que não necessariamente pensa o corpo como belo, exercitar-se num processo repetitivo de movimentos e buscar o melhor desempenho até a exaustão pode ser um erro – ainda mais quando se procura anabolizantes para alcançar um resultado meramente plástico.
PERFEITA
A atleta goiana Thaissa Costa, vencedora da categoria Wellness do Arnold Classic, evento com a chancela do ator e esportista Arnold Schwarzenegger, é um exemplo de corpo perfeito da modernidade.
A fisiculturista é a vencedora nacional da categoria até 1,63cm. Diferente de outras categorias do esporte, na modalidade de Thaissa o corpo é absolutamente proporcional. Em vez do músculo apenas tonificado, o que mais conta é a beleza e o movimento. Ou seja, a presença de palco e a forma física talhada com dieta e treino criam um padrão de beleza contemporâneo.
A categoria da goiana exige que o corpo seja menos hiperatrofiado e masculinizado, o que se adequa a uma visão próxima do ‘belo’ mais atual – justamente sem a ideia mecanizada que muitos atletas insistem em desenvolver ao treinar um ou outro músculo em específico.  
RAZÃO DA BELEZA
A Universidade do Texas acredita que a modelo e atriz britânica Kelly Brook seria o exemplo de corpo perfeito. Aos 36 anos, ela mede 1,68m, tendo 90 cm de busto, 63 cm de cintura e 91 cm de quadris.
Os pesquisadores usam a matemática para decretar quem tem ou não o corpo dos deuses: a partir da razão cintura-quadril, os cientistas do Texas concluíram que qualquer mulher com a razão 0,7 é atraente.

Atriz britânica Kelly Brook é o modelo ideal de beleza, conforme estudo da Universidade do Texas

Para conseguir este número (a razão) os pesquisadores realizam a divisão da medida da cintura pelo tamanho do quadril. Por conta deste cálculo, a mulher de corpo perfeito que tenha, por exemplo, 100 cm de quadril e 70 cm de cintura, poderá obter  0,7 – justamente o número de Kelly , que registrou 0,70588253.

Segredos de campeã inclui dieta rigorosa e treino árduo

A atleta goiana Thaissa Costa persegue a perfeição. Vencedora do Arnold Classic 2016, a goiana é campeã estadual overall e vice-campeã brasileira.
Mas tudo isso aconteceu nos últimos meses. Antes, ela era apenas uma aficionada em academia. “Nunca imaginei ter este destaque em tão pouco tempo”, diz a atleta, que se preocupa menos com vaidade e mais com o desempenho. “Os atletas deixam de sair á noite, de comer o que gostam. Sou assim também”, diz.
A vencedora da competição criada por Arnold  Schwarzenegger tem a fórmula para quem sonha com um corpo semelhante: “Primeiro, é preciso ter o perfil adequado. Cada um terá um corpo de um jeito. No caso da competição, os critérios avaliados foram  beleza facial, o corpo e a forma com que você se apresenta”.
A campeã goiana diz que a estrutura óssea será também determinante. “Essa categoria que participo é um meio termo, uma espécie de miss fitness”.
Mas como conseguir o corpo da campeã? “Seis meses antes de uma competição não como nada de sal. E dois meses antes como batata doce”, dá a dica.
Não bastasse, no cotidiano, Thaissa encara a alimentação de forma básica, sem glamour ou sem glamourizar o que come. “Sou básica: como um quilo de peito de frango por dia e 20 claras de ovos, que é proteína. O carboidrato é o arroz integral”.
Restrita
A atleta diz que não sabia se exercitar até se casar com um marido fisiculturista, que é também professor e dirigente do fisiculturismo em Goiás. “Direcionei meu treinamento graças a ele. Meu marido é meu treinador”, diz a atleta.
A reportagem do Diário da Manhã entrevistou Thaissa em uma sorveteria, quando a atleta se encontrava com o deputado federal João Campos (PRB-GO). Mas enquanto todos se deliciavam com os sorvetes, ela era irredutível: “Não como nada que tenha açúcar”. 

 No local a campeã se encontrou com o deputado para falar de esporte e da necessidade de investimentos no setor. O político reconheceu as vitórias da atleta e disse que ela é exemplo: “Thaissa é a demonstração da capacidade, superação e da disciplina, algo importante não só no esporte. Mas para a vida”, disse.

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