segunda-feira, 28 de março de 2016

Conheça a síndrome de Ilha


Há pessoas que vivem isoladas, pensando que não precisam das demais para cumprirem com seus propósitos. Quem assim faz só perde, pois a excelência exige compartilhar a vida, carreira e desafios.





- Nós nos bastamos!
- Não precisamos de ajuda e temos a melhor equipe.
- Nossa programação é a melhor de todas.
- Não precisamos prestar contas de nosso trabalho a ninguém.
- Temos os melhores resultados.
- Nós somos os melhores.
Essas são algumas frases típicas do que eu chamo de “síndrome de ilha”. Por que ilha? Porque representa, de modo adequado, como funcionam alguns departamentos, ministérios, repartições e até mesmo famílias.
São grupos cercados por todos os lados de arrogância, autossuficiência e restrições ao trabalho em equipe.  Acham que não precisam dos outros, não estão dispostos a trabalhar em conjunto (a não ser entre eles mesmos) e vivem uma realidade própria, na qual não querem “se misturar” com os outros por acharem que todos estão errados, são fracos ou podem ofuscar o “brilho” que eles julgam ter.
Como uma ilha, trabalham isolados, ainda que dentro da sociedade, de uma organização ou até de uma igreja. O máximo de entrosamento com outras equipes que conseguem ter é chamá-las para ‘ver’ o que eles fazem.
Não querem trabalhar em conjunto mas, sim, sozinhos; e, dominados por essa síndrome, vão cada vez mais se isolando e dependendo menos dos outros, até conseguirem sobreviver absolutamente sozinhos.
No famoso livro No man is an Island (Thomas Merton) temos, em forma de verso, uma série de lembretes acerca da necessidade que temos de viver em conjunto, de trabalharmos entrosados, entrelaçados e unidos.
Mas o problema é que quem está dominado pela síndrome acaba perdendo a dimensão de o quanto está longe dos outros. E, sem essa percepção, a pessoa acaba se isolando cada vez mais, ainda que seu discurso ou até sentimento seja o da unidade e do trabalho em conjunto.
Só há uma esperança para ser curado da síndrome: a análise fria e contundente dos fatos. A realidade precisa vir à tona, seja por uma avaliação honesta de quem tem a síndrome ou, então, através de quem está do lado de fora da equipe que se tornou uma ilha.
Não é difícil manifestar essa realidade. Basta fazer perguntas, analisar os fatos e, sem o poder da emoção, montar um cenário da realidade. É um processo doloroso, e quem está dominado pela síndrome há anos terá grandes dificuldades em aceitar o isolamento e até enxergar a dura realidade de que construiu uma ilha e já sente não precisar de ninguém. 
Precisamos dos outros. Podemos trabalhar melhor juntos. Não somos tão bons quanto pensamos, podemos melhorar. Se estamos isolados, isso nos prejudica. Pensamentos como esses podem ajudar quem tem a síndrome a considerar a possibilidade de aproximar-se dos outros, sejam pessoas ou departamentos.
 E, ampliando o pensamento, até uma empresa pode se aproximar de outras e garantir-se no mercado através de parcerias. Pensando em um grupo um pouco menor, uma família pode beneficiar-se da aproximação de outras famílias que poderão dar suporte em momentos de crise e dificuldade.
Encerro esse artigo com parte do poema de John Donne, intitulado No Man is an Island (Nenhum homem é uma ilha):
“Nenhum homem é uma ilha,
Completa em si mesma,
Cada homem é um pedaço do continente,
Uma parte do principal.
A morte de qualquer homem me diminui,
Porque eu sou parte da humanidade [...]” 


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