quinta-feira, 3 de março de 2016

A cultura do tapinha nas costas



Um dos males que podemos observar no mundo atual é a chamada cultura do tapinha nas costas. O tapinha nas costas é aquela atitude que se toma para evitar o conflito. Acontece quando aquele prestador de serviços entrou pra dentro da sua casa, fez um serviço mal feito que, foi muito bem pago e você, pra não se incomodar, agradece, dá um tapinha nas costas e pensa: horrível, nunca mais contrato esse profissional. Pensa, mas não verbaliza. No dia seguinte, sai em busca de outro que possa consertar o estrago e atender a sua expectativa - que nem sempre é a mais alta possível: muitas vezes se trata apenas de um serviço bem acabado, com limpeza e entregue dentro do prazo combinado. 
O tapinha nas costas também acontece quando você dá uma força para aquele amigo (sobrinho, primo, vizinho, conhecido, dentre outras tantas possibilidades) e contrata ele pra trabalhar na sua empresa, pois, afinal de contas, 'o cara é gente boa', 'está há tanto tempo sem emprego', 'foi atingido pela crise'... o que custa dar uma chance? O que acontece é que, às vezes, esse mesmo cidadão após umas duas ou três semanas de trabalho demonstra claramente o porquê de estar desempregado.
 Ele é desorganizado, não consegue ser produtivo, não demonstra comprometimento ou até mesmo achou que as coisas seriam mais fáceis pra ele na sua empresa, por que, afinal de contas, ele teve uma chance.
Em outras palavras, pode chegar o momento em que você percebe que ele é in-com-pe-ten-te. Assim, para resolver um 'problema', você criou outro: falar a verdade para o cidadão. Nessas horas, muitas vezes, a cultura do tapinha nas costas surge como um recurso conciliador: você não toma a atitude de avaliá-lo como ele merece, dar os feedbacks necessários para que aquela contratação não seja de todo perdida e para que ele possa fazer por merecer a oportunidade recebida.
 E, para evitar o conflito, se omite da atitude necessária, promovendo o indivíduo a ser mais um passivo na sua empresa.
O receio do conflito é prejudicial. É uma cultura que independe de fatores geográficos, e tem mais a ver com atitude e visão. Muitos desses profissionais que receberam o seu tapinha nas costas não necessariamente eram inaptos.
De tanto receber agradecimentos e até mesmo elogios (ainda que na realidade fossem fictícios), se convenceram de que prestam bons serviços, vendem bons produtos, e que por isso não precisam melhorar ou inovar e podem seguir agindo do mesmo jeito.
Admita: você nem sempre está disposto a ser o chefe exigente, o amigo pé no saco, o cliente chato, o pai careta. Entrar em conflito é desgastante, e dependendo do nível da sua capacidade de gerenciar suas próprias emoções, pode ser devastador.
Mas adotar a estratégia do tapinha nas costas com a intenção de fingir que está tudo bem, quando na verdade não está, pode ser muito pior. O efeito dessa ação não é imediato, e por isso é silencioso; e é tão prejudicial para as relações pessoais quanto para o mundo dos negócios.
Como já dizia Confúcio, o ilustre filósofo chinês: "não corrigir falhas é o mesmo que cometer novos erros".


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