A potencialidade do animal humano capaz de
atitudes de bondade e generosidade
A
imprensa mostrou com imagens e vídeos os casos de dois cadeirantes. Um
verdadeiro, de fato deficiente físico, em São Paulo, na cidade de Jundiaí.
Trafegando pelas ruas, esse segurado e aposentado do INSS (sr. Benedito do
Carmo, 53 anos) foi brutalmente assaltado por um marginal que na aproximação
simulou alguma ajuda à vítima.
O
assaltante surrupiou-lhe dinheiro e a carteira e ainda o arremessou ao chão . O
lado bom dessa história é que em seguida o meliante foi preso e responderá
pelos crimes cometidos. O segundo caso ocorreu em Vancouver, Canadá , onde um
policial (sargento Mark Horsey) se fez passar por um deficiente físico e se pôs
em vias públicas, como cadeirante, com pertences e algum dinheiro à
mostra no sentido de ver a reação de assaltantes e ladrões, frequentadores
dessas ruas, que pudessem assaltá-lo considerando-o uma presa fácil.
Os dois
casos registrados, o de fato deficiente físico, de Jundiaí e o
cadeirante no papel de ator, no Canadá, aliás muito bem encenado são
emblemáticos da natureza, dos sentimentos, da torpeza e virtude do bicho homem,
ainda tido, classificado e aclamado como inteligente, racional e constituído da
dualidade corpo e alma.
Vamos
novamente reportar ao que foi documentado e veiculado pelas TVs. Na entrevista
com a vítima de São Paulo( Sr Benedito), passados o susto e os ferimentos leves
da agressão do assalto, foram-lhe mostradas as cenas do cadeirante-ator, do
policial canadense que se fez passar como deficiente .
Como
nessa simulação (Canadá) o propósito era registrar as atitudes, as reações e
comportamento de quem deparasse aquele homem em condição vulnerável, todos os
que o abordaram puderam ser entrevistados e inquiridos do por quê em ter
agindo dessa e de outra maneira.
Foram
apresentadas cerca de 10 cenas. Alguns desses transeuntes que abordaram o
cadeirante eram pessoas de alta periculosidade, pelo visto criminosos com
processos na justiça. E então eis que vêm as surpresas. E assim se expressa o
cadeirante sobrevivente do assalto em São Paulo quando vê o primeiro pedestre
se aproximar do ator-cadeirante – Meu Deus, esse sujeito vai roubar-lhe a
bolsa, o seu dinheiro, como aconteceu comigo.
Estupefação
e espanto de quem assiste aos vídeos. O primeiro que encosta no cadeirante
tenta confortá-lo e o consola generosamente. Mais que gestos de amparo,
ele reza com a “vítima”. E assim sucessivamente os estranhos e anônimos
que falam e oferecem ajuda ao nosso ator-cadeirante o advertem na guarda de sua
bolsa e do dinheiro que propositalmente tinha sido deixado de forma a facilitar
um furto. O certo é que ao final das cenas mostradas nosso cadeirante em
simulação tinha 24 dólares a mais, recebidos como esmola.
O que nós
humanos, humanos que somos, e humanos que devemos buscar ser em nossas relações
podemos extrair e aprender com as cenas reais de tais documentários? Assim
penso eu, como cronista que se motivou em tais cenas para esta mensagem. O ser
humano por mais perverso que ele tenha sido em alguma atitude ou ação contra o
outro, resta-lhe sempre alguma chispa de virtude e generosidade.
Acredita-se
que todo indivíduo nasce predestinado ao bem, excetuando os casos patológicos;
e estes existem numa estatística menor e não desprezível. Crimes existem de
tamanha hediondez que só graves transtornos de personalidade e psicopatias para
explicá-los. A esses tais eu me recuso a nomeá-los de humanos e racionais.
As
questões e causas da perversidade, da maldade e delinquência de um grupo menor
de pessoas têm implicações múltiplas, indo de elementos genéticos,
filogenéticos, ontológicos, até os sociais, educacionais entre outros.
O que
podemos tirar de aprendizado dos relatos que abrem esta crônica é que sempre
devemos acreditar na potencialidade do animal humano como uma criatura da qual
esperar uma ou muitas atitudes de bondade e generosidade.
Nessa
visão e esperança, da generosidade contida no íntimo e no coração de cada
um, do bem guardado em cada pessoa é que vem-me à lembrança a pequena
Anne Frank, vítima do holocausto (morreu aos 15 anos de idade). Sobrevivente de
tanta crueldade, ela escreveu em sua agenda diária “Apesar de tudo eu ainda
creio na bondade humana”
Tal
afirmação de tão generoso espírito (Anne Frank) nos encoraja a ser melhores.
Sempre!
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