A
pergunta que eu mais ouço é: "O que é uma Cidade Inteligente?". Como
profissional de tecnologia, é natural eu incluir conceitos tecnológicos nas
respostas até por ter facilidade e experiência em encontrar formas de
utilizá-la para ajudar a resolver problemas das cidades.
No
entanto, a tecnologia não passa de um ferramental, que, se bem utilizado,
permite que as cidades resolvam dos problemas mais básicos aos mais complexos
de forma muito eficiente.
Porém, o
conceito de Cidade Inteligente trata muito mais de pessoas do que de
tecnologias, pois ele se refere à nossa casa, ao lugar onde gostamos ou
queremos viver e criar nossos filhos, ao lugar onde nos sentimos partes
importantes e até indispensáveis no processo de sua construção e
melhoria.
Diferente
do Brasil, o tema Cidades Inteligentes recebe a devida atenção e é aplicado
intensamente nos países mais desenvolvidos. Por aqui, percebemos que nossa
sociedade ainda tem dificuldades de entender o quão complexa é uma cidade, por
menor que ela seja.
Essa
complexidade é tão menosprezada que basta tirar um raio x do corpo gestor da
maioria dos municípios brasileiros (nos três poderes – Executivo, Legislativo e
Judiciário), que é possível enxergar o grande descompasso profissional entre a
maioria deles e as áreas pelas quais são responsáveis, refletindo na forma
distorcida como lidam com este importante tema.
A
iniciativa privada, por sua vez, tem o papel fundamental de disseminar
conceitos, conhecimento e boas práticas relacionadas ao tema, apoiando o
desenvolvimento e adoção de padrões mundiais, ofertando modelos de
comercialização aderentes à nossa realidade, investindo em pesquisa e
desenvolvimento local, além de assumir compromissos com resultados técnicos e
níveis de serviços (SLAs) compatíveis.
Quando
a avaliação de um problema leva em conta as necessidades de todos os envolvidos
e a adoção da tecnologia é feita de forma inteligente, a solução é, na maioria
das vezes, Simples e Eficiente, mas tenho visto muito Glamour Ineficiente.
Vejamos
exemplos reais presentes em algumas cidades brasileiras que utilizam
parquímetros. Glamour Ineficiente – grande, caro, ecologicamente incorreto, com
problemas de acessibilidade e usabilidade, financeira e eticamente injusto,
passível de danos e furtos, e com muitas variáveis que podem causar sua
indisponibilidade.
Caro por
ser grande e possuir muitos componentes (unidade computacional, leitor de
cartões, captador/contador de dinheiro, impressora, bateria grande e/ou alimentação
elétrica); Ecologicamente incorreto por usar papel, toner (que pode atingir a
rede pluvial em caso de acidente) etc., e financeira e eticamente injusto
porque o usuário paga por um período pré-estabelecido, pagando mais caro, caso
fique menos tempo, ou sendo multado caso fique mais tempo.
No
caminho correto e oposto ao da “solução” anterior, a adoção Simples e Eficiente
é mais barata, pois é uma pequena torre que controla até 10 vagas, ela possui
um pequeno display com membrana sensível ao toque e um ponto de leitura de
tokens, controlada por uma pequena placa de circuito impresso com uma diminuta
bateria; Ecologicamente correta por não utilizar papel, toner e energia
elétrica, e, no caso da bateria, o risco é bem menor. Do ponto de vista financeiro
e ético, é justa porque o usuário paga somente pelo período que utilizar,
porém, ele registra sua chegada e saída.
Infelizmente,
o que mais tenho visto no Brasil é Glamour Ineficiente, tornando a vida nas
cidades brasileira mais difícil, criando a cultura do “cada um por si” e a do
“querer levar vantagem em tudo”, desestimulando a inovação e o
empreendedorismo.
Sendo
assim, acredito que uma das formas de mudarmos essa realidade é disseminando os
benefícios da adoção dos conceitos e tecnologias ligadas ao tema de Cidades
Inteligentes, através de todos os meios e canais disponíveis, assim, nivelamos
o conhecimento de forma que ele permeie através dos órgãos e instituições
públicas brasileiras.
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