O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de citros, sendo o
maior em laranjas, participando em cerca de 50% da produção de suco e 85% do
mercado mundial, exportando 98% do que produz.
A presença nessa cadeia produtiva movimenta US$ 14,6 bilhões ao
ano e gera aproximadamente 350 mil empregos no país. De acordo com o estudo O
retrato da citricultura brasileira, da Associação Nacional dos Exportadores de
Sucos Cítricos (Citrus BR), de cada cinco copos de suco de laranja consumidos
no mundo, três são produzidos nas fábricas brasileiras.
Nos Estados Unidos, maior consumidor de suco de laranja do
mundo, com 38% do total, a queda de consumo foi de 11,5% em cinco anos. Em dez
anos, a queda foi de 24%. Flórida e São Paulo detêm 81% da produção mundial de
suco. Só o Estado de São Paulo possui 53% do total. Nas últimas 15 safras, a
produção mundial de suco caiu 13%.
As perdas também estão na produtividade. Pragas e doenças foram
responsáveis pela erradicação de 40 milhões de árvores nesta década. A
mortalidade saltou de 4% para preocupantes 7,5%. Essas doenças foram
responsáveis por perdas de quase 80 milhões de caixas por ano.
Uma das preocupações mais sérias do setor é o greening, que
avança com extrema rapidez. Principal doença que afeta a citricultura no estado
de São Paulo, o greening ou Huanglongbing/HLB é causado pelo psilídeo
Diaphorina citri, inseto vetor das bactérias que causam a doença.
Ele vive em plantas da
família Rutaceae, principalmente em murta e citros e está em ampla disseminação
no parque citrícola, sendo a maior ameaça aos pomares do país, por afetar todas
as variedades podendo, assim, torná-los inviáveis economicamente se medidas de
controle não forem tomadas.
A HLB está presente nos continentes africano, americano e
asiático. No Brasil, foi detectada pela primeira vez em 2004, no Estado de São
Paulo, e sua proliferação é acompanhada por mapeamentos do Fundecitrus. Eles
mostram o alto potencial de disseminação da doença em São Paulo com grande risco
de dispersão para outras áreas, principalmente na Central e Sul do estado, com
índices de infestações até 2012 de 73%.
Entre os danos causados pelo HLB em São Paulo está a devastação
de 18 milhões de árvores até 2012. Somado a isso, 7% dos pomares do estado
possuem sintomas da doença, não consideradas as plantas assintomáticas com o
inóculo.
O potencial de dano
aumenta ainda mais com a possibilidade de propagação da doença para pomares
vizinhos. Os danos da praga tornam-se ainda maiores quando considera-se o custo
com a redução da produtividade e necessidade de controle e longevidade dos
pomares, o que pode inviabilizar a atividade econômica. No Brasil, a HLB já
está presente em regiões produtoras de Minas Gerais e Paraná.
Pela sua velocidade de propagação muito alta, a greening é a
doença mais temida entre os citricultores. A forma atual de identificação da
doença são inspeções visuais para detecção de árvores sintomáticas e aplicação
intensiva de inseticidas para controle do vetor.
Logo que identificadas, as árvores sintomáticas são arrancadas
em uma tentativa de diminuir a proliferação. O método, no entanto, não é
eficiente.
De acordo com o Fundecitrus, as inspeções visuais possuem falhas
que levam a um erro aproximado de 30% a 60%. Sendo assim, em torno da metade
dos pés sintomáticos são mantidos na propriedade por inspeções feitas
incorretamente.
Outro fator de complicação é que, normalmente, quando os
primeiros sintomas são identificados visualmente, a árvore em questão já está
contaminada há muito tempo, meses. O período de incubação estimado é de 6 a 36
meses.
Neste período, a planta
ainda não apresenta sintomas, ou são poucos expressivos, mas já com a doença
permanece no pomar, tornando-se um proliferador invisível do HLB.
Estudos do Fundecitrus indicam que para cada árvore sintomática
no campo existam outras duas assintomáticas. Esta estimativa, aliada ao inseto
alado como vetor, é responsável por propagar a doença rapidamente.
O cenário fica ainda mais
grave quando se faz estimativas de propagação da doença tomando como base a
propagação dos últimos anos.
A Embrapa Instrumentação tem desenvolvido pesquisas visando
disponibilizar aos produtores um sistema economicamente viável para diagnóstico
precoce do HLB, que elimine a subjetividade e ineficácia das inspeções visuais
e permitindo um diagnóstico da doença com ao menos seis meses de antecedência
da fase sintomática.
O objetivo é desenvolver um sistema para o diagnóstico do Citrus
Greening que viabilize medidas em larga escala e a elaboração de mapas de
infestação para auxiliar os produtores no controle efetivo da doença. Este
método de diagnóstico aliado a políticas públicas que incentivem a erradicação
de plantas infectadas podem levar a doença a níveis toleráveis e controlados.
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