quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Processo de loucura



O ano passou! E mais uma vez assistimos praticamente as mesmas coisas. Durante todo o ano, entre outros, a saúde foi assunto nas mídias e nas redes sociais. Mas não vi ninguém realmente preocupado com a saúde mental.

Nas últimas décadas os problemas com a saúde mental têm se agravado. O setor público preocupou-se em fechar vagas nos hospitais psiquiátricos, desativando alguns. E não ofereceu alternativas. A luta antimanicomial criou vácuos imensos de assistência. O governo retirou-se de cena e entraram Residenciais de Longa Permanência, essencialmente privados.

 São empresas que buscam lucro, por evidente. E não sofrem uma fiscalização mínima do gestor público. Hoje podemos dizer que são manicômios particulares, que se multiplicam a cada dia. O mais grave é que os municípios estão pagando por vagas nessas casas, a maioria com estruturas bastante deficientes.

Podemos concluir que a saúde pública está deixando a saúde mental à margem de sua atenção, infringindo leis que criaram a Reforma Psiquiátrica. O doente mental precisa de tratamento adequado. Essas casas particulares não podem ser meros depósitos de desvalidos. O que os governos não conseguem ver é a gravidade da situação.

Os criminosos que matam friamente sofrem de doença mental. Nenhuma pessoa considerada normal mata com crueldade. E é o que mais está acontecendo hoje no Brasil. Saúde mental deve ser tratada como problema social e de saúde. Teríamos um decréscimo da criminalidade certamente.
Estamos diante de um cenário assustador. A sociedade brasileira não se deu conta, ainda. Talvez essa preocupação seja pequena, porque seguimos a mídia. E a mídia, a grande mídia, não divulga nada a esse respeito. Sei que essas palavras passarão ao largo da atenção de muita gente.

 O futuro da humanidade sempre esteve ligado à saúde mental. Muitos governantes não passariam num exame sério de sanidade mental. Os autores dos crimes mais cruéis e bárbaros também não estariam livres. Sabemos que a maioria dos presos não teria progressão da pena, se passasse por um exame psiquiátrico.
Hoje temos muitos doentes mentais soltos, morando na rua, sem a atenção necessária. A prova da falta da prioridade necessária é a remuneração. O SUS remunera muito mal os serviços prestados nessa área. Então é razoável pensar que o poder público não a tem preocupação necessária.
E ficamos assistindo, a cada dia, o aumento da criminalidade ligada intimamente à saúde mental. Quem vai realmente cuidar da loucura pública? O governo não quer, embora saiba da gravidade dessa área. E a sociedade brasileira está acostumada a sofrer calada. Tudo que é criado pelos governos nós aceitamos passivamente. E a omissão pública é aceita como natural. Convoco a todos, para refletir sobre esse tema tão importante.
Por fim, quero desejar a todos que me acompanharam nesse ano um Feliz Natal. E que também possamos refletir sobre a nossa conduta e nos melhorarmos como pessoa. 


Comente este artigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário