quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Por que o “Super-Homem” e o “Homem Aranha” trabalham em jornal?



Sempre quis entender o porquê do Super-Homem e o Homem Aranha, com todos os superpoderes que detêm – o Super-Homem chegou a ressuscitar sua amada, voltando no tempo, claro, para o passado, a uma velocidade superior à da luz que é de 300.000 quilômetros por segundo, para alterar a “estória” – enfim, não entendo o porquê desses dois trabalharem em jornal quando poderiam ganhar o “pão de cada dia” numa outra atividade mais rendosa, menos estressante, onde, inclusive, salvaguardariam melhor, porque estariam menos expostos, suas identidades secretas prestando, concomitantemente, melhores serviços à sociedade ou comunidade, o que parece ser um dos principais ideais de ambos.
Agora, “fala sério”, como costuma dizer uma vizinha antipática, a vidinha do “Homem Aranha” beira ao ridículo atuando como fotógrafo freelancer subalterno a um editor-chefe mentiroso, aliás, um verdadeiro bandido.
Assisti, no domingo, com a minha filha, pela segunda vez, o segundo episódio da série “O Homem Aranha”, reapresentado pela “Rede Globo”. Assisti de modo “al passam”, nos zigue-zague entre a cozinha, telefone e portão para atender o cara vendendo um plano espetacular de telefonia com salamaleques insistindo até que eu cedi ficando com um folder magnífico, que deve ter custado o que uma pessoa come no nordeste ou nos campos de refugiados na Europa durante dois ou três dias, cujo destino, infelizmente, será o lixo, e atendi, também, um sujeito todo inchado e fedendo cachaça, pedindo umas moedas “pra compra leite pra minha fia”, e isto tudo num domingo.
 Então, nesse frenético vai-e-vem vi uma cena que não havia visto antes, na primeira vez que vi o filme, quando o tal do “Aranha” tenta comprar um buque de flores para a mulher amada e, por estar sempre duro, contenta-se com um relés ramalhete “pela metade”.
Mais tarde, coitadinho, eu o vejo receber algumas notas de vinte dólares daquela senhorinha frágil e, emprestado ou não, o dinheiro, garanto, é fruto das suas árduas economias! Fiquei imaginando quantos milhares de telespectadores, dos mais de setenta ou oitenta milhões que assistiam naquele momento, lacrimejaram e choraram! Quanta “fragilidade social” num super-herói que não tem que se preocupar nem com o alpiste de um passarinho e, “secretamente”, combate os maiores criminosos do planeta!
Nosso pobre super-herói faz-nos chorar num domingo de dezembro do décimo quinto ano do terceiro milênio, característica dos “enlatados” que temos que engolir, aliás, assistir, desde que a TV brotou por aqui, na década de sessenta, modificando telhados e a estética plana. Cinquenta anos! Meio século! O que fizemos?
Como afirmei, logo no princípio, eu não consigo entender o Super-Homem e o Homem Aranha, só sei que eles são super-heróis e não conseguiram resistir ao chamado jornalístico.
 Podendo possuir poderes e riquezas, preferem levar uma vida simples, destituída de quaisquer ostentações ou preocupações “com o dia de amanhã”, como advertiu Jesus Cristo, outro “super-herói” que também ressuscitou pessoas, no famoso “Sermão da Montanha”. Agora lembrei e, não me contendo, vou partilhar com o misericordioso e o eventual leitor que li, não me recordo aonde, que se todas as Bíblias – que é o livro mais vendido e lido no planeta – fossem destruídas, apagadas nos sites, enfim, se não sobrasse nenhuma mais no planeta, ficando apenas o “Sermão da Montanha”, se as pessoas passassem a lê-lo todos os dias, a humanidade renasceria no amor em pouco tempo.
Talvez estejamos precisando duma intervenção teocrática, de um Super-Herói que escreveu na areia.

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