Sexta-feira, 15 de novembro de 1889, dia de
diz-que-diz-que e mistifório, quase exangue e com nenhuma adesão popular, um
punhado de militares amotinados alia-se a políticos da oposição para encerrar,
de inopino, o reinado de dom Pedro II. A anarquia militar, a crise com a
Igreja, a abolição da escravatura e o centralismo administrativo derrubam o
Império do Brasil. O país acordara monarquista; vai dormir republicano. E tudo
num átimo.
Chefe da rebelião, Deodoro da Fonseca proclama que o povo
repudia o Gabinete Ouro Preto. E vai mais longe. Xinga os casacas. Só os
militares são castos e probos. O imperador é um caso em separado. O marechal é
seu amigo e confessara, há anos, preferir escoltar o seu féretro a apeá-lo do
trono. Porém...
"Bestializado, o povo assistiu à proclamação da
República", tartamudeia Aristides Lobo, membro do Governo Provisório. Só
mesmo coisas da história do Brasil. Nela a Independência fora capitaneada por
um português, filho de dom João VI, rei de Portugal e Algarves.
Malparida, a República desabrolha. E adiciona velhas
práticas execráveis: coronéis, jeitinhos políticos para o controle e
manipulação do poder. E assim, à sombra do voto de cabresto, ela sobrevive até
Washington Luís, derradeiro presidente da Velha República, defenestrado pelas
baionetas da revolução de 1930.
A era Vargas mostra a força do voto e o poder das armas.
Eleições e democracia - 18 anos! - trazem na garupa: Dutra, Vargas, JK, JQ e
JG. A frágil democracia é avassalada pelo movimento militar de 1964. Anos de
chumbo e de generais quatro estrelas: Castello, Costa e Silva, Médici, Geisel e
Figueiredo. O velho palheiro cede o passo para o cigarro com filtro, Gordinis e
Dauphines são massacrados por carrões com rabo de peixe, prédios com vidros fumê
são coqueluche nacional.
A Nova República, no embalo do movimento Diretas-Já, porta
em seu bojo uma nova corriola: Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. A
corrupção espraia-se. Ganha corpo. E faz escola, com direito a pós-graduação. E
o Brasil se escandaliza com o mensalão; logo após, o petrolão.
Cento e vinte e seis anos depois, a República para valer
ainda não deixou o berço. Faz pipi nas fraldas. Espera que a massa vire povo e
que as casas legislativas sejam habitadas por gente capaz, preocupada com o bem
comum.
Neste 15 de novembro de 2015 uma promessa: fazer nova a
República Brasileira e reconstruir o autêntico espírito republicano - igualdade
e solidariedade - em casa, na escola, no trabalho, no lazer e na vida.
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