domingo, 15 de novembro de 2015

República: 126 anos!



Sexta-feira, 15 de novembro de 1889, dia de diz-que-diz-que e mistifório, quase exangue e com nenhuma adesão popular, um punhado de militares amotinados alia-se a políticos da oposição para encerrar, de inopino, o reinado de dom Pedro II. A anarquia militar, a crise com a Igreja, a abolição da escravatura e o centralismo administrativo derrubam o Império do Brasil. O país acordara monarquista; vai dormir republicano. E tudo num átimo.
Chefe da rebelião, Deodoro da Fonseca proclama que o povo repudia o Gabinete Ouro Preto. E vai mais longe. Xinga os casacas. Só os militares são castos e probos. O imperador é um caso em separado. O marechal é seu amigo e confessara, há anos, preferir escoltar o seu féretro a apeá-lo do trono. Porém...
"Bestializado, o povo assistiu à proclamação da República", tartamudeia Aristides Lobo, membro do Governo Provisório. Só mesmo coisas da história do Brasil. Nela a Independência fora capitaneada por um português, filho de dom João VI, rei de Portugal e Algarves.
Malparida, a República desabrolha. E adiciona velhas práticas execráveis: coronéis, jeitinhos políticos para o controle e manipulação do poder. E assim, à sombra do voto de cabresto, ela sobrevive até Washington Luís, derradeiro presidente da Velha República, defenestrado pelas baionetas da revolução de 1930.
A era Vargas mostra a força do voto e o poder das armas. Eleições e democracia - 18 anos! - trazem na garupa: Dutra, Vargas, JK, JQ e JG. A frágil democracia é avassalada pelo movimento militar de 1964. Anos de chumbo e de generais quatro estrelas: Castello, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. O velho palheiro cede o passo para o cigarro com filtro, Gordinis e Dauphines são massacrados por carrões com rabo de peixe, prédios com vidros fumê são coqueluche nacional.
A Nova República, no embalo do movimento Diretas-Já, porta em seu bojo uma nova corriola: Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. A corrupção espraia-se. Ganha corpo. E faz escola, com direito a pós-graduação. E o Brasil se escandaliza com o mensalão; logo após, o petrolão.
Cento e vinte e seis anos depois, a República para valer ainda não deixou o berço. Faz pipi nas fraldas. Espera que a massa vire povo e que as casas legislativas sejam habitadas por gente capaz, preocupada com o bem comum.
Neste 15 de novembro de 2015 uma promessa: fazer nova a República Brasileira e reconstruir o autêntico espírito republicano - igualdade e solidariedade - em casa, na escola, no trabalho, no lazer e na vida.

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