quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Os perigos de um câncer silencioso

Quando alguns sinais começam a aparecer, 95% dos tumores de próstata já estão em fase avançada.
A cada 7,6 minutos, mais um caso de câncer de próstata é diagnosticado no Brasil. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) preocupa, mas o Novembro Azul dispara o alerta também em outras direções. Afinal, as principais causas de morte masculina prematura - entre 20 e 59 anos - são a violência e os acidentes de trânsito, que correspondem a mais de 89,5 mil óbitos (36,4%).
 Na sequência, despontam as doenças cardiovasculares e os infartos. As neoplasias ocupam apenas a terceira colocação. É preciso, portanto, despertar atenção integral à saúde do homem. É um chamamento que se espalha pelo país.
E o foco é certeiro: incentivar o autocuidado. “Homem não é super-herói, eles precisam quebrar o mito de serem fortes o tempo todo. Essa cultura do não se olhar é que faz com que morram antes das mulheres”, destaca Angelita Herrmann, do Ministério da Saúde.
 Em Pelotas, as equipes também estão orientadas a estimular a mudança de comportamento. Nem que, para isso, em um primeiro momento, tenham de captá-los na sala de espera, enquanto acompanham outros pacientes - conta a coordenadora do Departamento de Saúde do Homem, a enfermeira Simone Amez de Azevedo.
Os profissionais das Unidades Básicas, então, são imprescindíveis para bem funcionar esse acolhimento, com ações voltadas à promoção e à prevenção. “Precisamos falar em vários temas, como as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), a alimentação, a hipertensão, a paternidade responsável. São muitos assuntos a serem abordados, não só em novembro”, destaca Simone.
“Temos que aprender a preservar a saúde”
Em fala mansa, o aposentado José Armindo Chagas admite: centrou o alvo no trabalho e se descuidou da saúde. Hoje, aos 72 anos, divide-se entre o tratamento do câncer de próstata e o cotidiano sem exageros para preservar o coração. “Tive que fazer três pontes de safena e, pra próstata, faço uma injeção por mês. Já tô há sete ou oito anos em tratamento.”
E com a experiência de quem morou na área rural por três décadas e ficou órfão de pai e mãe aos 17 anos, o trabalhador de serviços gerais ensina: o melhor é apostar na prevenção e realizar exames periódicos. Tudo para ter disposição de viver alegrias ao lado de familiares e amigos.
Um dia de alerta à comunidade
Quem passou pelo largo Edmar Fetter nesta quarta-feira (25), durante todo o dia, foi convidado a refletir e deixou o local com material informativo e o laço da campanha do Novembro Azul preso ao peito. A ação desenvolvida pelo Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) tinha o objetivo de reforçar a importância da prevenção.
Um recado já assimilado pelo comerciante João Osmar Flores da Silva, 70. Ao conversar com o Diário Popular, o santa-mariense, logo, mostrou a data dos exames de rotina e garantiu: a prática é anual.
O morador de Pelotas há 11 anos, é adepto de corridas e caminhadas. Passa longe de bebidas alcoólicas e nunca fumou. Está sempre atento em preservar a saúde. Ainda assim, acabou de superar a hepatite C, contraída em uma transfusão. “Quase morri e cheguei a pensar: por que comigo?”. Hoje, quando se envolve em atividades com um dos cinco netos - como fazia na manhã desta quarta, nos brinquedos infláveis - o também radialista, conhecido como J Flores, reforça a convicção: “Vou seguir em frente. As árvores morrem em pé. E o querer ainda é o prolongamento da vida”.
Engaje-se. Quem se encarregará da sensibilização à comunidade neste sábado, 28, será a Organização Não Governamental (ONG) Parceiros Voluntários. Haverá panfletagem no calçadão da Andrade Neves, das 10h às 15h, em mais um chamado ao autocuidado.


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