quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Idoso: entre o analógico e o digital

Depois que formatei o meu pensamento sobre "dez coisas que aprendi com os meus 60 anos", muitas são as discussões que se dão nos diversos ambientes para os quais sou convidado. Duas coisas chamam a atenção: a consciência de que a minha geração é privilegiada por fazer esta transição pessoal do "analógico" para o "digital" e grande pergunta: "E agora, José, o que fazer?".
A nova geração dos "velhinhos" não se sente mais idosa quando é capaz de encontrar o seu próprio espaço. Embora o espelho e as fotografias, muitas vezes, sejam traiçoeiros e insistam em mostrar imagens com as quais não concordamos. Sentimo-nos em processo de transição: fazemos parte de um grupo que viveu o "ontem" - a eletricidade aparecia, saneamento era precário e nem se imaginava a inclusão digital.
O "hoje" exige uma quebra de preconceitos e readequação. Em conversas, observo que a maior parte das pessoas tem um smartphone e não sabe o que fazer com ele. Em suas mãos possuem uma plataforma que pode até lhes dar um telefone. Mas carregam um leitor de livros, revistas, jornais; emissoras de rádio, televisão, vídeos armazenados; blocos de notas, calendários, calculadoras... Em síntese: um escritório na palma da mão, acessível de qualquer lugar onde a pessoa se encontra.
O que falta é quebrar o ranço a respeito das novas tecnologias e utilizá-las para a coisa mais elementar: tornar mais fácil as nossas vidas, propiciando mais momentos de prazer e felicidade! Um treinamento para utilizar estes novos equipamentos e seus mistérios que, na maior parte das vezes, são bloqueados por receios infundados. Superados, causam remorsos porque a pessoa não se dispôs a usá-los antes.
Uma das primeiras acusações: "isto vicia", trazendo o exemplo dos jovens que já não saem da frente do computador. Esta é outra discussão: a utilização do instrumental. Gosto muito do seguinte exemplo: numa gaveta da cozinha você tem uma faca afiada. Ela pode cortar uma carne... Mas, também, pode matar alguém. O problema não está na faca (instrumento), mas em quem a usa.
Uma senhora reclamou quando encontrei uma citação bíblica no meu celular. Queria uma Bíblia. Perguntei como era a sua. Contou: de papel, bem encadernada. Disse que a dela também não correspondia ao modo como a Bíblia tinha sido escrita, em pergaminho ou em papiro.
Da mesma forma, os equipamentos de informática: preconceitos nos mantêm presos a um mundo analógico (atraso, acomodação...), mas podem ajudar a dar um salto na qualidade de vida e aproveitar os recursos que vêm deste "misterioso" mundo digital!

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