quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Antes de ir ao analista


Não faz parte da formação do psicanalista, um exame do que ocorre com o paciente (latim, aquele que sofre), desde sua decisão de ir até a decisão de chegar ao consultório. É um período emocionalmente intenso e solitário, no qual as dúvidas são frequentes, as incertezas, constantes, as vacilações, perenes.
A bússola do paciente é o sofrimento, quando se torna insuportável, um recurso é providenciado. Um problema a ser visto, neste mundo de hoje, é que a cultura ocidental decidiu que qualquer padecimento de alma, mínimo que seja, não deve ser aceito, sendo rapidamente eliminado.
As consequências desse hedonismo exacerbado são trágicas para nós, levando à alegria dos fabricantes de remédios (onde já se viu tanta farmácia?).
Não precisamos de grandes luzes para perceber que o mundo ao redor é uma mescla de prazer e sofrimento e que, de um balanço entre esses polos, é que teremos uma vida razoável. Freud encontrava sentido para que fujamos da miséria neurótica e possamos viver a infelicidade comum, dizia. Realista.
Outra coisa dessa vida fast, em que tudo é fugaz, resultando que somos subaproveitados, inclusive por nós próprios, levando a que subestimemos potenciais de tudo e de todos. Pois, antes de ir ao analista é bom que busquemos, em detalhe, todas as nossas forças, internas e externas, e tratemos de sair adiante com recursos próprios, o que é mais saudável e mais econômico.
Se não for suficiente, busque-se o analista, mas lá chegaremos fortalecidos, pois teremos a bagagem de ter percorrido uma densa autoanálise. O analista nos reforçará. Analisar é analisar-se.


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