Não faz parte da formação do psicanalista, um exame do que
ocorre com o paciente (latim, aquele que sofre), desde sua decisão de ir até a
decisão de chegar ao consultório. É um período emocionalmente intenso e
solitário, no qual as dúvidas são frequentes, as incertezas, constantes, as
vacilações, perenes.
A bússola do paciente é o sofrimento, quando se torna
insuportável, um recurso é providenciado. Um problema a ser visto, neste mundo
de hoje, é que a cultura ocidental decidiu que qualquer padecimento de alma,
mínimo que seja, não deve ser aceito, sendo rapidamente eliminado.
As consequências desse hedonismo exacerbado são trágicas
para nós, levando à alegria dos fabricantes de remédios (onde já se viu tanta
farmácia?).
Não precisamos de grandes luzes para perceber que o mundo
ao redor é uma mescla de prazer e sofrimento e que, de um balanço entre esses
polos, é que teremos uma vida razoável. Freud encontrava sentido para que
fujamos da miséria neurótica e possamos viver a infelicidade comum, dizia.
Realista.
Outra coisa dessa vida fast, em que tudo é fugaz,
resultando que somos subaproveitados, inclusive por nós próprios, levando a que
subestimemos potenciais de tudo e de todos. Pois, antes de ir ao analista é bom
que busquemos, em detalhe, todas as nossas forças, internas e externas, e
tratemos de sair adiante com recursos próprios, o que é mais saudável e mais
econômico.
Se não for suficiente, busque-se o analista, mas lá
chegaremos fortalecidos, pois teremos a bagagem de ter percorrido uma densa
autoanálise. O analista nos reforçará. Analisar é analisar-se.
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