sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A valorização da produção local como protagonista da moda



O faturamento do setor de vestuário brasileiro quadruplicou em 10 anos, somos o 2º maior gerador de empregos do país, responsável por 6% do PIB industrial. Esses dados revelam nosso potencial consumidor, essencialmente ávido por novidades e com uma tendência a priorizar o consumo para sensação de pertencimento. Com a democratização da moda, impulsionada por blogs e mídias sociais, podemos dizer que passamos a última década encantados por todas as possibilidades de acesso a produtos de vestuário oferecidos por marcas nacionais e internacionais.
Recentemente estamos experimentando um novo momento, onde as pessoas procuram um sentido para consumir. Querem se ver representadas, buscam detalhes exclusivos, algo que torne o produto especial e faça sentido dentro de seu estilo de vida. Deixando de lado os esforços contínuos que o varejo faz para reinventar-se, percebemos uma valorização do trabalho manual, das características regionais e do saber passado de geração em geração. Em inúmeras regiões do país estão sendo resgatados conhecimentos prestes a serem extintos devido à baixa remuneração enfrentada por comunidades artesãs. O momento é de reconhecer a beleza sublime do fazer artesanal.
Nem sempre é fácil escolher, no entanto, um consumidor consciente se preocupa de onde vem o produto e analisa se o valor pago é capaz de cobrir custos de produção, impostos e ainda assim ter a capacidade de ser resultado de mão de obra remunerada dignamente. Valorizar a produção local denota uma série de valores. Este tipo de consumidor apoia quem ama o que faz e escolheu aquele trabalho, faz parte de seu estilo de vida buscar alternativas às ofertas de grandes corporações e acredita no poder de fortalecer a economia da cidade ao mesmo tempo em que apoia sonhos.
Esse interesse é validado por estudos de comportamento do consumidor ao redor do mundo, a relação com marcas independentes e artesanais criou um novo segmento, um novo nicho consumidor. Este nicho não deseja a imposição do que vestir, procura uma marca que ouça seus desejos e produza inspirada por eles. Uma das únicas maneiras de conseguir isto é com uma proximidade que permita escutar e criar para este consumidor, ou seja, compartilhando experiências em um mesmo contexto.
Ao analisar o aspecto local, temos Pelotas como um polo de conhecimento e qualificação profissional na área da moda. Marcas pelotenses apostam em produtos diferenciados, criadores e designers independentes emprestam sua bagagem a itens repletos de significado, entregando ao consumidor final produtos únicos e de qualidade. Podemos encontrar por aqui roupas e acessórios que fariam amantes da moda em qualquer lugar no mundo suspirar.
Ao observar atentamente podemos perceber que esta não e uma tendência de consumo apenas da moda, ela reflete o momento atual da sociedade. Os fatores citados também estão presentes em outras áreas como arte, gastronomia, música e turismo.
Proporcionar novas experiências e inspirar pessoas é o grande desafio. Inserir um negócio nesse cenário de valorização da cultura e empoderamento é capaz de pequenas revoluções e grandes resultados.

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