quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A casa da família Silva



João da Silva é casado com Maria. Eles têm dois filhos: Pedro e Ana. Enquanto João trabalha em uma empresa da cidade, Maria cuida da casa e dos filhos e ajuda na renda familiar fazendo doces.
A família morava em uma casa com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Mas, sempre que juntava um dinheirinho, aumentava ela. Construíram mais quartos, uma garagem, sala de estar, aumentaram a cozinha... Quando não havia dinheiro suficiente, João pegava o contracheque, ia ao banco e fazia um empréstimo para cobrir as despesas.
A casa já tinha cinco quartos, três salas, uma cozinha enorme, sete banheiros, garagem, piscina e salão de festas. O problema é que o salário que João recebia já não era suficiente para cobrir os gastos. Maria não tinha mais tempo para fazer doces e obter renda extra, já que agora tinha muito mais trabalho para cuidar da casa.
Os gastos com manutenção eram cada vez mais superiores à renda familiar. Todos os dias tinham novas decisões a tomar: pagar a faculdade do Pedro ou arrumar o telhado? Matricular a Ana no inglês ou consertar o encanamento? Trocar de carro ou substituir as lajotas caídas?
A decisão era sempre pela casa. Pedro saiu da faculdade, Ana não fez o sonhado curso e o carro continuou o mesmo, apresentando problemas e aumentando os gastos na oficina. A casa mostrava sinais do abandono: goteiras, infiltrações, tinta descascada, musgo e insetos na piscina. O salão de festas virou um depósito de quinquilharias.
Mas, sempre que os filhos sugeriam diminuir o tamanho da casa para cortar custos, João ofendia-se: “Diminuir a casa é um retrocesso! Quem sugere isso é contra nossa família e nosso inimigo!”. Maria concordava: “A casa é mais importante do que nossa qualidade de vida, vamos mantê-la a qualquer custo!”.
O fim da história não é preciso contar. Todos sabemos a que ponto chega quem insiste em gastar mais do que ganha e se vê colocando quase todo o seu dinheiro em custeio e quase nada em investimento. 
Agora reflita: a história da família Silva não se parece com a história do Rio Grande do Sul?

Gabriel Souza.

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