João da Silva é casado com Maria.
Eles têm dois filhos: Pedro e Ana. Enquanto João trabalha em uma empresa da
cidade, Maria cuida da casa e dos filhos e ajuda na renda familiar fazendo
doces.
A família morava em uma casa com dois
quartos, sala, cozinha e banheiro. Mas, sempre que juntava um dinheirinho,
aumentava ela. Construíram mais quartos, uma garagem, sala de estar, aumentaram
a cozinha... Quando não havia dinheiro suficiente, João pegava o contracheque,
ia ao banco e fazia um empréstimo para cobrir as despesas.
A casa já tinha cinco quartos, três
salas, uma cozinha enorme, sete banheiros, garagem, piscina e salão de festas.
O problema é que o salário que João recebia já não era suficiente para cobrir
os gastos. Maria não tinha mais tempo para fazer doces e obter renda extra, já
que agora tinha muito mais trabalho para cuidar da casa.
Os gastos com manutenção eram cada
vez mais superiores à renda familiar. Todos os dias tinham novas decisões a
tomar: pagar a faculdade do Pedro ou arrumar o telhado? Matricular a Ana no
inglês ou consertar o encanamento? Trocar de carro ou substituir as lajotas
caídas?
A decisão era sempre pela casa. Pedro
saiu da faculdade, Ana não fez o sonhado curso e o carro continuou o mesmo,
apresentando problemas e aumentando os gastos na oficina. A casa mostrava
sinais do abandono: goteiras, infiltrações, tinta descascada, musgo e insetos
na piscina. O salão de festas virou um depósito de quinquilharias.
Mas, sempre que os filhos sugeriam
diminuir o tamanho da casa para cortar custos, João ofendia-se: “Diminuir a
casa é um retrocesso! Quem sugere isso é contra nossa família e nosso
inimigo!”. Maria concordava: “A casa é mais importante do que nossa qualidade
de vida, vamos mantê-la a qualquer custo!”.
O fim da história não é preciso
contar. Todos sabemos a que ponto chega quem insiste em gastar mais do que
ganha e se vê colocando quase todo o seu dinheiro em custeio e quase nada em
investimento.
Agora reflita: a história da família
Silva não se parece com a história do Rio Grande do Sul?
Gabriel Souza.
Gabriel Souza.
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário