segunda-feira, 6 de julho de 2015

Delator, quem atira a primeira pedra?

Esta é uma palavra muito interessante, já que tem uma série de sinônimos que não necessariamente têm o mesmo significado. Dedo-duro, alcaguete, traidor, informante, denunciante, etecetera. Imagino que receberei muitos outros sinônimos que devem existir nas diferentes regiões do Brasil.
Estamos vivendo no Brasil um momento histórico, o momento das delações em troca de redução nas penas de alguns delinquentes de colarinho branco. Por um lado vemos que se está dando um benefício a membros de quadrilhas organizadas para dilapidar o patrimônio do país.
 No entanto, eles estão dispostos a entregar as cabeças desta organização criminosa. O que é preocupante é que estamos falando de delatores que são donos das maiores empresas do Brasil, e que eles estão entregando membros dos três poderes.
A pergunta da semana é: Quem integrante de nossa sociedade pode jogar a primeira pedra? Eles, todos os implicados no império da corrupção, são criações de nossa sociedade. Nós permitimos que eles existam, e o que é mais incrível é que lhes damos apoio, cada vez que cometemos alguma infração ou pequeno delito. Cada vez que nos omitimos, cada vez que dizemos: Deixa para lá! Não vale a pena esquentar, isto não tem solução! Devemos ter consciência que cada vez que permitimos que nos atropelem moralmente é o mesmo que deixar que batam na nossa cara e deixar para lá.
Ainda vivemos numa sociedade que culturalmente não superou a mentalidade dos poderosos e os dominados.
A justiça está estruturada para ser justa com aqueles que têm dinheiro para pagar os melhores advogados. Quando condenamos as crianças por cometerem delitos, deixamos de condenar aqueles que permitiram que essas crianças tenham nascido na miséria, que não tenham recebido educação, nem sequer amor e proteção. É mais fácil punir que educar. É mais fácil fazer uma cirurgia do que prevenir uma doença.
Delatar é mais fácil que ter valores morais e éticos prévios aos atos delitivos. É mais fácil lucrar levando vantagem em tudo, até quando devemos pagar pelos nossos delitos. E na nossa sociedade tudo é possível, até que os delatores sejam transformados em heróis e sejam os próximos donos do congresso nas próximas eleições.
Somente seremos um país sério quando deixemos de ultrapassar pelo acostamento quando há um engarrafamento; quando nos sintamos responsáveis pela desigualdade social, econômica e espiritual que existe na nossa sociedade. Noutras palavras, não necessitaremos de delinquentes arrependidos (delatores) quando cada um de nós passe a agir como verdadeiros seres humanos de bem. 

Comente este artigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário