terça-feira, 30 de junho de 2015

Só o sol e a morte não podem ser olhados fixamente

Sobre nossa busca existencial, de encontro ideológico, o ser humano basicamente se encontrou em três formas: na busca espiritual, na ciência e na arte. Volta e meia, elas se cruzam dando mais sentido e significância ao nosso tempo, e de alguma forma aliviando essa dor que se encontra no “escuro da alma”, de que ninguém está completamente salvo. Mas o curioso é como essa terceira forma vem se destacado dentro da nossa civilização ultimamente.
Em toda história, a “Arte” como princípio de expressão visceral de contato com o mundo, sempre foi vista e recolhida através de migalhas no aspecto financeiro, mas sempre foi muito exaltada e reverenciada no campo espiritual e também, como sabemos, incomoda cada dia mais a ciência com suas formas de tratar e manipular o sentimento. Mas nesse caso, sim, a ciência como já vem acontecendo, vem utilizando cada vez mais a arte como um de seus pilares para trazer mais sentido e transparência para o ser em busca de respostas, e consequentemente nos levando a ser cada dia mais “Seres Espirituais”, o que torna uma civilização mais humana e com isso mais saudável mentalmente.
Entretanto, na arte, os artistas sempre se colocaram dentro de um respectivo palco para dar sentido a essa busca do encontro com si (mesmos), havendo assim uma transferência natural com o universo e com o mundo, com isso gerando ao mesmo liberdade e amor.
Só que o mais curioso hoje em nosso tempo (expressão redundante. Sugiro hoje em dia ou atualmente) é, justamente, a posição dos artistas perante esse posicionamento social. Como podemos nos conformar vendo toda essa vulgarização de artistas repletos de sede e fome por palcos e de serem escutados? O que está acontecendo com essa expressão tão sublime?
O grande problema é que determinada classe de músicos perdeu completamente a noção de como devem ser escutados, então se blindam à força popular e se rendem a uma pequena parcela de público, e não só se contentam com migalhas como se posicionam e se estimulam com elas, o que faz de um ato sublime, um circo! Não tem nada demais em se sustentar com migalhas, ora! os pombos, símbolos de fé para a maior religião do mundo, se sustentam de migalhas, mas a grande diferença é que eles sabem voar alto, e reconhecem o valor desse ato, sendo assim não perdem o valor de sua grandeza.
Hoje, de tanto ser martirizada, quase não levamos mais a arte a serio, e com isso os lamentos artísticos se tornam contraprovas de como andamos em um mundo muito acelerado em retrocesso, um mundo civilizado por pessoas tímidas, sim, tímidas de expressão, inibidas no sorriso, no choro, e os artistas como papel representativo estão sendo vulgarizados e se nublando em um mundo com muita informação, pouca busca e muito pouca assimilação, deixando assim uma das grandes formas de responder a nossa eterna pergunta distante:
qual o sentido da nossa existência? o que realmente nos pertence? A culpa é nossa em viver em um mundo embriagado ou estamos embriagando o mundo com essa sede toda em busca de sentidos frágeis e rasos?
Como artista, posso afirmar que a arte não é uma escolha, mais sim uma condição. Então, creio que a reflexão só é bem-vinda com a ação, pois precisamos estar em movimento para enxergar as melhores formas de nos somar com o universo e com nos mesmos, sendo assim o exemplo só pode ser bem-vindo quando em direção certa, pois podemos perder o ângulo certo, e como ver o sol fixamente, ele pode nos queimar ou nos clarear.
Consciência é a palavra do nosso tempo, vigor é a palavra que nos falta e o amor anda perdido por aí nesses becos sujos onde a escuridão esconde o olhar e venda o espírito, nos tornando cada vez mais consumistas de nossas pérolas feitas em aço nesses museus, agora sem tantas novidades.
Xeque-mate para todo dia.
Cheque mate para todo dia.
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