terça-feira, 2 de junho de 2015

Saia da caverna!

O mundo é uma imensa caverna absolutamente tomada pelas trevas de que são prisioneiros todos os homens. Acorrentados no fundo da caverna, os homens veem longe uma luz que rasga o teto e sombras projetadas nas suas paredes irregulares, sombras de deuses, de homens, de animais, de objetos. O que os homens conhecem são apenas sombras disformes projetadas nas paredes da caverna.
A caverna é a ignorância, a luz é o conhecimento.
O homem tem que se libertar de suas trevas. Mas as trevas são o ambiente que o homem conhece, a sua segurança, por pior que seja a sua circunstância. “Eu sou minha circunstância; sou o mundo que me circunda” diz Ortega y Gasset.
Conformar-se é submeter-se às trevas.O mundo não se limita ao entorno dos pés de quem o contempla. O umbigo não é o centro do mundo, ao redor de que tudo gira e se conforma. É preciso ser senhor de seu destino e não escravo de suas circunstâncias.
Como ser outro se na caverna as sombras protegeme nada é necessário porque tudo é suficiente?
Não há maior segurança que nos líquidos do ventre materno. Mas a mãeprecisa induzir o seu produto mais nobre a uma nova circunstância de riscos e de oportunidades. Não há oportunidades nem conquistas sem riscos. O homem nada é apenas sendo o que é.
A verdade não é a expressão de meras sombras distorcidas que escorrem pelas paredes das cavernas em que nos refugiamos.
Sair da caverna significa libertar-se, romper limites, conviver com o novo, ser outro a cada dia, aprender a aprender, perder, sofrer, temer, superaros seus fantasmas, conquistar, inconformar-se com a sua circunstância, buscar sempre nova circunstância.
A caverna está dentro de você. Liberte-se.Mas não basta o sair da caverna, o conhecer a luz, o assumir a sua nova circunstância apenas individualmente. O homem que se liberta das trevas deve voltar à caverna e tentar libertar os que continuam prisioneiros das trevas.
“Governar é remediar os males alheios”, diz Sócrates. Portanto, não pode governar aquele que tenha que remediar os seus próprios males e que continue prisioneiro nas trevas da caverna imensa. Panta rei.
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