A
economia reage! Empresas diminuem a capacidade ociosa de seus respectivos
parques industriais; a taxa de desemprego, mesmo elevada, se estabiliza;
investimentos vão sendo gradativamente retomados; o comércio sai das cinzas às
fagulhas e lentamente se aquece com a retomada do consumo; a sangria desatada
da inflação é estancada e o salário vai retomando a passos de cágado, seu poder
de compra; o Banco Central ensaia reduzir juros o que implica positivamente no
crédito e; o megacartel bancário, este poder paralelo de leis e rumos próprios,
que tem como esporte preferido o constrangimento e a intimidação das
autoridades monetárias do país vê sua estrategia de intensificação da
especulação sendo alterada.
O governo combina austeridade interna com captação de investimentos
para o país. A China consolida sua posição de principal parceiro econômico do
Brasil e os Estados Unidos ciosos por não perderem influência na América
Latina, propõe estreitar relações com o Brasil, principal economia do
subcontinente. Eis a razão e o sentido da atual visita de Dilma Roussef ao
império do norte.
Sem falsos otimismos ou sem enredar em auto-enganos, mas o país
vai inteligentemente costurando saídas para a crise que, de uma forma ou de
outra, criou, é parte e vítima.
O mundo da política, um mosaico difícil de ser compreendido, é
partido cotidianamente, ora pelas investidas da neoconservadora direita
brasileira e que, dizendo a que veio, não abre mão do seu “vale-tudo” contra o
quarto governo do PT, ora pela esquerda que sempre autoritária, segue em um
patético modelito liberal, evidentemente fracassado e superado em todo o mundo
e sem retomar bandeiras importantes para o seu protagonismo social e político
e, sobretudo, para a transformação estrutural da sociedade brasileira.
Fato é que o que muitos dos “chocados cidadãos de bem” e que
tresloucadamente vociferam na imprensa, escrita ou falada, de que o Brasil está
um caos, uma bandalheira e, definitivamente, carente de rumos ainda não
entenderam que o que está acontecendo é exatamente o exercício da democracia.
Se não sabem, democracia é exatamente a manifestação livre de pensamento, de
posições e oposições.
O que essa “boa gente” ainda não percebeu é que estes
acirramentos são, linhas gerais, positivos. De fato, a democracia precisa ser
testada, exercitada e posta em causa. Por enquanto, apesar da taxa de juros, da
mídia e do judiciário, nossa democracia persiste.
Agora, é claro que excessos acontecem freneticamente. Venhamos e
convenhamos, mas aquela dos movimentos neonazistas tupiniquins clamarem e
conclamarem golpes militares, intervenções ianques no país e bobagens similares
é de uma estupidez sem-tamanho. É preciso ter claro que liberdade na democracia
existe para potencializar a democracia. Não pode haver liberdade para enfraquecer
a democracia, para torna-la frágil, piorada, amiudada. Essa, de fato, não serve
e jamais servirá para a democracia e o seu necessário aprofundamento, de modo
que esses excessos devem ser combatidos com os rigores e as penalidades da lei.
Não tem cabimento! Não pode ser liberdade para depredar,
destruir e enfraquecer o público, para aquilo que serve ao público e que, de
outra forma, eleva a própria vida do público para níveis ou condições melhores
e superiores. É nesse sentido que o próprio sentido da democracia precisa ser
melhor compreendido, reafirmado e posto no cotidiano da vida social, política e
econômica.
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