quinta-feira, 11 de junho de 2015

Desprezo humano

Que moléstia contamina o olhar de quem está no poder em nosso grande e pobre país? Como se não bastasse o Legislativo zoar de nossa cara, o Poder Judiciário, detrás de suas recorrentes frases de efeito, legisla em causa própria justificando as maiores injustiças. Os olhos ofuscados, uma boa dose de vaidade e altos salários imerecidos, não os permitem acercar-se das diferentes realidades brasileiras, aquelas que ardem em nossa carne, que os cheiros nos invadem, que perturbam nossos sonhos e planos.
 O seu conhecimento das leis não tem serventia quando se presta para o exercício da eloquência cínica que encobre a ausência do senso de justiça, âmbito humano que parece muito distante de algumas das suas decisões. Quando Luiz Fux autorizou o pagamento do auxílio moradia para juízes, de acordo com a lei, foi absolutamente injusto e imoral.
Do platô onde vive, certamente não consegue enxergar o que seria justo. Deboche e cinismo! Talvez seja melhor guitarrista que juiz. Agora, Lewandowski apronta um pacote de privilégios para toda a sua família e a de seus pares, o ebola do escárnio, a ser pago por todos os brasileiros, pelos professores sem aumento, pelos grevistas condenados pela Justiça a voltar ao trabalho. Os deuses da In-Justiça se burlam de todos nós.
É o gozo sobre a nossa miséria e impotência. O desembargador José Aquino se apoia na decisão imoral do CNJ. Ao invés de recusá-la, apontar sua iniquidade de origem, a aceita e se lambuza. É uma zombaria!
É provável que os membros do alto Poder Judiciário não saibam o que são transporte e escolas públicas, o SUS e falta de saneamento, entre tantas paisagens, porque, também e provavelmente, as desconheçam ou as borraram da memória num ato de assepsia e alheamento. É provável que alguns desprezem os diversos professores que passaram por sua formação. Mas também é provável que outros tenham cabulado as aulas sobre cidadania, humanismo e justiça.
O Estado se transformou em um paraíso para a desfaçatez e a manutenção de privilégios, covil preferencial de delinquentes bem falantes e engravatados, de corporações, empresas, igrejas e latifúndios. Condomínios protegidos de privilégios e áreas públicas ao abandono.
O cinismo, a retórica e a dissimulação são os valores preferenciais desta elite brasileira. O temor como arma de coação. O privilégio sempre é injustiça.


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