sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Um ano marcante para a política nacional

Ainda em clima de retrospectiva de final de ano, 2014 poderá ser lembrado como um ano marcante para a política nacional. Não apenas pelas eleições presidenciáveis, mas por uma série de fatores que despertaram o interesse de todo o brasileiro pelo assunto, infelizmente em alguns de forma equivocada.
 Todos tinham – e ainda têm – uma opinião a dar sobre o atual governo e sobre a oposição. Em meio a tantas “farpas” trocadas nas opiniões divididas, surgiram duas expressões, no mínimo interessantes, “acopladas” aos já conhecidos “direita e esquerda”. Não bastasse essa divisão que parece não ter percebido que Collor, Lula, Dilma, FHC e Maluf e outros, antes inimigos (mais que) políticos, hoje posam juntos para fotos.
É o futebol político em que jogadores se misturam, trocam passes e seguem com salários maiores do que os dos professores, mas ninguém percebe.
A “esquerda caviar” se caracteriza, basicamente, por pessoas que defendem o socialismo, porém gozam de “luxos” provenientes do capitalismo. Já a “direita coxinha” se caracteriza pela defesa de posturas econômicas mais próximas do liberalismo, mas também há uma livre interpretação de que os ditos “coxinhas” são apartidários, mesmo que não queiram um regime socialista e defendam a “meritocracia” – sem perceber que só podemos considerar aquisições por mérito se todos partirem do mesmo ponto, com igualdade, o que de fato não há no nosso País. Há nessas definições certa diminuição das ideias e ideais de cada um.
Definir um socialista que tenha recursos financeiros abundantes como “esquerda caviar” é o mesmo que dizer que uma pessoa com dinheiro não pode querer um país mais justo e menos desigual. É querer determinar que só pode ter tal meta alguém que tenha pouco ou nenhum recurso financeiro. 
É votar no Bolsonaro, que defende a “família tradicional” (?) somente pelo fato de ser heterossexual. É fazer parte de uma camada social que por não ser parte da minoria, simplesmente não a enxerga. É como se a parcela da população que tem mais não quisesse que a que tem menos se iguale – e isso de fato existe, mas está longe, a léguas de distância da chamada “esquerda caviar”. 
Chega a ser uma forma de menosprezo do intelecto de cada um que os ideais políticos de cada pessoa tenham a ver somente com o volume de suas contas bancárias e que tenhamos que obrigatoriamente assumir um lado - senão você provavelmente será "coxinha"  também. 
Em pleno 2015, parece que ter um "time" é fundamental: ou você é PTista, ou é antiPT, parecendo ser incrivelmente impossível você desejar o combate à corrupção instalada e ao mesmo tempo reconhecer a necessidade dos programas assistenciais que ajudaram a tirar o Brasil da miséria. 
"Veja" tem tido seu jornalismo desacreditado, pois assumiu o lado "da direita" e reproduz apenas esse ponto de vista. A "Carta Capital" acusa a "Veja" de ser parcial, e na sua promessa de compromisso com a verdade, reproduz apenas o ponto de vista "da esquerda". 
Triste. Que mal há em um defensor do socialismo gozar dos luxos que o seu dinheiro pode pagar?  E por que um indivíduo sem grandes recursos não pode se questionar sobre nosso governo, mesmo este sendo socialista e, pela lógica implantada, o beneficiando? 
Outro agravante é o fato de que em uma era pós mensalões, de desvalorização da Petrobras, em uma corrente de escândalos do atual governo, teríamos que, nós brasileiros, compactuarmos com a corrupção para poder continuar seguindo os princípios do socialismo? 
Teríamos que defender Genoínos, Dirceus e tantos outros que ocupam os seus merecidos lugares na Papuda, em nome dos bons resultados de um assistencialismo que teria que ocorrer uma hora ou outra em nosso País? Temos que, então, aceitar o novo ministério de Dilma sem nos questionarmos sobre absurdos como George Hilton e Eliseu Padilha? Teríamos que acreditar na "meritocracia" sem perceber as desigualdades sociais que nos assolam para cobrarmos transparência? Acredito firmemente que não.
Perdemos a credibilidade enquanto nos ocupamos de definições. É a preferência descarada por apontar os tantos erros do adversário sem perceber que o erro começou em 1500 e não há partido ou político limpo nessa história. É tanto tempo e energia gastos com “esquerda caviar”, “direita coxinha”, “petralhas”, “reaças” e outras denominações que de nada acrescentam, que esquecemos que as cartas seguem marcadas, sejam elas dadas pelo FHC ou pelo Lula. 
a camisa do partido e esquecemos de exigir do técnico e de controlar nossos jogadores, fechando os olhos para o passe que a Dilma passa para o Collor em Alagoas e que deixa Heloísa Helena impedida, por exemplo. Fica deste turbulento 2014 a deixa que o brasileiro precisa: de nada adianta trocar acusações se for pra seguir agindo como torcedor e continuar saindo do estádio totalmente lesado, mas com as bandeiras hasteadas, esperando beijar a taça.

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