segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"Boicote Nacional ao Programa Sexo e as Negas"


Em repúdio ao programa global, movimentos negros organizam manifestação em todo país.
O programa "Sexo e as Negas", de Miguel Falabella, ainda não estreou, mas já tem causado vários questionamentos em relação ao seu conteúdo.
Em vários locais do País, movimentos pela defesa da igualdade racial e feminina têm demonstrado não aprovar o programa. Para se opor ao que consideram racismo, os líderes e adeptos dos grupos têm organizado protestos e, em Goiânia, a manifestação "Boicote Nacional ao Programa Sexo e as Negas" está marcada para esta segunda-feira (15), às 17 h, na Praça do Bandeirante, situada no Centro.
De acordo com a professora, psicóloga e coordenadora pedagógica do Centro de Referência Negra Lelia Gonzales, Roseane Ramos - que é uma das organizadoras do evento -, além do protesto, os movimentos negros também encaminharam uma denúncia para a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

O seriado tem estreia prevista para o próximo dia 16, amanhã. Segundo Roseane, "com as propagandas é possível perceber a supervalorização do corpo da mulher". Ela diz também que o nome do programa é de teor apelativo.
A organizadora do evento diz considerar que o programa "reforça o esteriótipo da mulher como um objeto sexual, como mercadoria, em uma mistura de machismo com racismo".
Roseane conta que as manifestações ocorrem em várias regiões do País e algumas começaram ontem. Ela explica que cada movimento tem sua metodologia e em cada local as mulheres se organizaram para chamar a atenção à questão da promoção da igualdade racial.
Segundo a organizadora, uma das intenções do manifesto é despertar o público para que ele deixe de assistir ao programa. "Uma emissora como a Rede Globo retratar a mulher, a mulher negra, como objeto sexual atrapalha a luta pelo fim do racismo". Roseane observa, se por um lado, atrapalha, por outro, "fortalece", porque cria a mobilização, que proporciona a conscientização.
Quando questionada sobre a expectativa de mobilização em Goiânia, a organizadora diz que várias pessoas confirmaram presença. Ela aponta que vários grupos estão envolvidos com a causa, além deles, vários estudantes e universitários.
Ela analisa que, provavelmente, o programa não deixará de ser exibido por causa das manifestações, mas aponta que a principal finalidade é "boicotar" o seriado.
"Quero convidar a sociedade para que não assista ao 'Sexo e as Negas'. Esse programa nada contribui. Não vamos aceitar a promoção do esteriótipo da mulher negra como uma mercadoria; há anos lutamos para que isso tenha fim", conclui a organizadora.
Sexo e as Negas é um novo seriado global e tem estreia prevista para amanhã. Na trama, quatro mulheres negras são protagonitas. O programa foi inspirado no seriado Sex and THE CITY.

Com a repercussão nas redes sociais, o autor de "Sexo e as Negas", Miguel Falabella, utilizou as redes sociais para escrever sobre o posicionamento da sociedade. Leia abaixo parte do texto publicado por ele.

Qual é o problema, afinal? É o sexo? São as negas? As negas, volto a explicar, é uma questão de prosódia. Os baianos arrastam a língua e dizem meu nego, os cariocas arrastam a língua e devoram os S.
Se é o sexo, por que as americanas brancas têm direito ao sexo e as negras não? Que caretice é essa? O problema é porque elas são de comunidade? Alguém pode imaginar Spike Lee dirigindo seus filmes fora do seu universo? Que bobagem é essa?

Pois é justamente sobre isso que a série quer falar! Sobre guetos, sobre cotas, sobre mitos! Destrinchá-los na medida do possível! Os mitos e lendas que nos são enfiados goela abaixo a vida toda.

DM.

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