segunda-feira, 7 de julho de 2014

Mais tempo para a vida gente!!!

Quem ainda não teve a oportunidade de ler a série de reportagens que publicamos, sobre a escravidão dos homens ao relógio, trabalho construído pelo repórter Diego Queijo, deveria dedicar alguns minutos à leitura e à reflexão dessa questão que afeta a todos. 

Crianças, jovens e adultos têm hoje suas vidas controladas pelo tempo. Não mais por hábitos saudáveis e importantes em cada fase da vida, como brincar, ouvir música, namorar, estudar, trabalhar em algo que a gente goste. Mas por rotinas preestabelecidas desde o momento em que se passa a caminhar e a falar.

Uma criança, hoje, a partir dos cinco anos de idade, até menos, já tem sua semana ocupada a pleno. Vive um turno do dia na escola e outro em atividades determinadas pelos pais, como aprender línguas estrangeiras ou praticar esportes. E qualquer tempinho livre já é motivo para ganhar nova tarefa - não raro, uma repreensão verbal por estar parada. Ela não consegue descansar e cultivar atos de crianças, como dar asas à imaginação, livre da agenda imposta pelos mais velhos.

No caso dos adultos, a situação é muito pior. Passou-se a viver para o trabalho e o resto deixou de ser importante. Não interessa se é dia, noite ou madrugada, homens e mulheres não relaxam, nunca. Só param mesmo quando o corpo desaba e dá o primeiro sinal de que algo está errado. Levanta-se da cama pensando na tarefa para executar à tarde. Corre-se para adiantar todas as coisas. Sofre-se por antecipação, sem ao menos cogitar se era preciso tanto.

A escravidão do relógio é a marca deste século. Quem pensa em descansar um pouco, dedicar alguns minutos ao ócio, sofre bullying da vida. É apontado como malandro, preguiçoso, pouco dedicado ao trabalho. É quase forçado pelas circunstâncias a retornar à esteira, sempre acelerada para tudo.

Não é de graça que muitas doenças ganharam o rótulo de modernas. O estresse é uma delas. As doenças do coração também não param de aumentar. E no fundo, qual a origem de cada uma?

Uma vida que dá pouco valor a hábitos mais saudáveis, mais lentos. E desse jeito o tempo voa para todos. Tem-se a sensação de que tudo ao redor passa muito rápido. Mas o tempo é sempre o mesmo. Quem o acelera são os homens.

É hora de encontrar um momento para refletir sobre o que é, de fato, importante à vida: não vivê-la ou aproveitá-la melhor. Quem por exemplo, após uma semana de céu cinzento e chuva diária no Rio Grande do Sul, saiu para a rua na última quarta-feira e caminhou, por cinco minutos apenas, com o sol batendo no rosto. Um ato simples, ao alcance de qualquer um, indescritível.

Quem não aproveitou deve ter alegado falta de tempo.

DP.


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