segunda-feira, 9 de junho de 2014

Quem são os bem-aventurados hoje?



No capítulo cinco do Evangelho de Mateus, texto bíblico do Novo Testamento, aparece o início do famoso Sermão da Montanha de Jesus de Nazaré. Ele proclama nove bem-aventuranças, que acabam sendo a síntese de toda a sua mensagem da Boa Nova do Reino de Deus.

Quem são mesmo os bem-aventurados segundo Jesus?
Valoriza-se muito hoje a força própria do ter, para assegurar o “reino da Terra”. Mas bem-aventurados são os “pobres em espírito”, isto é, desprovidos da força própria do ter, para em Deus ter a força do partilhar. Esses já são na prática os possuidores do Reino dos Céus.

Valoriza-se muito hoje a força própria do poder, para assegurar o “terreno   ” como propriedade egoísta. Mas bem-aventurados são os “mansos”, isto é, desprovidos da força própria do poder, para em Deus ter a força do servir. Esses serão herdeiros da Terra como dom de Deus colocado a serviço.

Valoriza-se muito hoje a força própria do aproveitar-se para assegurar unicamente o bem-estar egoísta. Mas bem-aventurados são os “aflitos”, isto é, desprovidos da força própria do aproveitar-se, para em Deus ter a força própria do amar. Esses serão verdadeiramente consolados.

Com essas três “valorizações” acima, instaura-se um desejo insaciável de injustiça, para acumular sempre mais força própria do ter, do poder e do aproveitar-se. Mas bem-aventurados são os “que têm fome e sede de justiça”. Esses serão saciados! Só a justiça, que provém do partilhar - servir - amar, sacia verdadeiramente.

Valoriza-se muito hoje a força própria da competição para assegurar a segurança    pessoal - nada de “ser trouxa”. Mas bem-aventurados são os “misericordiosos”. Esses alcançarão misericórdia.

Valoriza-se muito hoje a força própria da falsidade, para assegurar a imagem pessoal - nada de “ser ingênuo”. Mas bem-aventurados são os “puros de coração” - retos de coração. Esses verão a Deus.

Valoriza-se muito hoje a força própria da prepotência, para assegurar o direito    próprio - nada de “ser mole   ”. Mas bem-aventurados são os “que promovem a paz”. Esses serão chamados filhos de Deus.

Novamente com essas três “valorizações” acima, instaura-se um reino de injustiça que beneficia os que conseguem mais, os que enganam mais e os que mandam mais. Mas bem-aventurados são os “que são perseguidos por causa da justiça” lutando pelo reino da misericórdia, da retidão e da paz. Deles é o Reino dos Céus.

Por isso, Jesus conclui categoricamente: não somos bem-aventurados quando todos nos aprovam, aplaudem e bajulam, mas quando nos injuriam, perseguem e falam mal contra nós por “causa de Dele”. Isso nos faz “alegrar-nos e regozijar-nos, pois será grande a recompensa nos céus”.
Os que Jesus de Nazaré proclama bem-aventurados são os que vão na contramão da cultura de hoje. Mas bem-aventurados são esses bem-aventurados.

Dom Jacinto Bergmann, arcebispo metropolitano da Igreja Católica de Pelotas.

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