sábado, 17 de maio de 2014

Sobre a serenidade


 
Que fantástico seria conservar sempre a serenidade? Tenho inveja das pessoas que sempre conservam a serenidade, seja qual seja a situação que enfrentam.

Serenidade é muito mais do que domínio próprio. A gente consegue dominar-se, mas por dentro somos um vulcão em erupção. A pessoa serena se domina e continua calma por dentro. Deve ser a paz dos justos.

Então, serenidade tem que ver com justiça? E o que é justiça? Aqui podemos começar a divagar e confundir. Está sendo justo o juiz que interpreta a lei? Tratar a todos igual é ser justo? Quem rouba um pão é igual a quem rouba R$ 1.000.000,00? Para alguns sim, para outros não. Aqui entram os valores individuais e culturais e principalmente a consciência de cada um.

 Caso tomemos a justiça como parâmetro da serenidade um juiz pode serenamente condenar a um homem a cinco anos de cadeia por roubar um pão, e libertar outro que desfalcou R$ 1.000.000,00 porque o advogado demonstrou que este último na realidade era um cleptomaníaco. O primeiro não tinha dinheiro para pagar um advogado o segundo tinha uma alta soma de dinheiro. Foi feita justiça? O juiz agiu dentro da lei, mas pode conservar a serenidade?

Tentemos buscar outro caminho, a serenidade vem da paz de espírito. Vem da certeza que temos agido de acordo a nossos valores internos, aqueles que estão no âmago de nosso ser. Muitos assassinos em série contam com a maior serenidade os crimes que cometeram, sem alterar-se no mais mínimo. Outras pessoas, com a maior surpresa no olhar nos dizem: O fiz porque acredito que o merecia!

Então a serenidade é uma virtude ou na realidade é uma forma de iludir-nos? Será que a serenidade na realidade é uma forma de enganar-nos? Já ouvi muitas pessoas dizerem: Fiz o melhor que pude. E ficam serenas, tranquilas, em paz com elas mesmas.

O dicionário nos dá como sinônimos de sereno: calmo, manso, suave, tranquilo, plácido; imperturbável, equilibrado, inabalável. Já tentou ser sereno numa discussão? Eu já. Fiquei com fama de indiferente e que não me envolvia emocionalmente com o problema. Quando pedimos a uma pessoa que aja com serenidade, estamos pedindo que seja manso, tranquilo, equilibrado. Quando um político pede ao povo que se mantenha sereno, está pedindo calma, tranquilidade e equilíbrio. Tem uma frase da Bíblia que sempre lembro: Cuidado com a ira dos mansos!

Não devemos abusar da serenidade que as pessoas possam demonstrar. Sei por experiência própria que a serenidade é um exercício que requer muito esforço de vontade e autocontrole. Um povo com educação terá mais chances de manter a serenidade, sem educação pode ser mais fácil de manipular por um tempo, mas chegará o dia que deixará de ser manso e não haverá limites para sua revolta.

Não devemos esquecer a melhor barreira para a destruição e a melhor ponte para o diálogo, sempre foi e sempre será a educação e o respeito. Sem eles nenhum relacionamento sobrevive, nem um casal, nem uma nação.

Boa reflexão.

Ricardo Irigoyen.


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