segunda-feira, 24 de março de 2014

Mobilidade urbana: a teoria x a prática



Uma coisa é fato e não há como ignorar. Algo precisa ser feito para tornar o trânsito viável nas grandes cidades brasileiras em termos de mobilidade. A teoria mais básica diz que se as pessoas trocarem o carro pelo transporte coletivo, o trânsito certamente melhorará e até o transporte público ficará mais eficiente.

Ocorre porém, que na maioria das grandes cidades, a infraestrutura não cresceu na mesma proporção que a população e os usuários de transportes públicos e, como consequência, a capacidade instalada desses meios estão operando muito acima dos limites.

 Aí vem uma pergunta: como motivar as pessoas a trocarem os carros e todo o seu conforto por um meio de transporte que mal comporta seus usuários atuais? Sem uma estruturação rápida e eficiente dos meios de transportes coletivos, essa troca simplesmente não irá acontecer.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana, que foi sancionada em janeiro de 2014 caminha exatamente nesta direção. Isto é, dá prioridade aos meios de transportes não motorizados e ao serviço público de transporte coletivo. Também deixa aberta a possibilidade de cobrança do pedágio urbano, justamente para haver um mecanismo que pressione o usuário de carro a migrar para o transporte coletivo.

 Na prática: vai ficar mais caro utilizar o carro, o poder público passará a ter uma nova fonte de receita e as pessoas continuarão no conforto dos seus veículos.

Como alternativa, a Política Nacional contempla a utilização de veículos não motorizados, entenda-se bicicletas. Na teoria esta alternativa é excelente, pois é politicamente correta e vai ao encontro das demandas ambientais atuais. No entanto, mais uma vez, a prática se confronta com a teoria.


Espero algum dia ver a bicicleta fazendo parte harmoniosamente do trânsito das grandes capitais e servindo como uma das alternativas para a mobilidade, porém, esta realidade está muito longe da prática. Hoje, o uso de bicicletas como meio de transporte em massa ainda é inviável por questões como distância, geografia e velocidade.

Naturalmente, não há uma solução simples e pontual. São necessárias várias medidas e o conjunto delas é que nos aproximará de soluções, mas gostaria de propor uma reflexão e, mais uma vez, confrontando a teoria com a prática.

Na teoria, o estímulo do uso de motocicletas não está contemplado como alternativa para a mobilidade urbana por conta dos aspectos negativos lançados sobre a imagem das motocicletas e de seus usuários. Mas, sabemos que na prática a motocicleta é uma das soluções. 

Um bom exemplo disso é que quando queremos que alguma encomenda chegue rápido ou quente ao nosso destino, chamamos um motoboy.

Falar neste tema sem contemplar o uso da motocicleta como alternativa viável para a mobilidade urbana é tratar o assunto pela metade ou desprezar uma importante alternativa de solução. 

A motocicleta já é uma realidade imutável, crescente e necessária. A partir do momento que este veículo for considerado como parte da solução e não do problema, os aspectos de risco do seu uso serão tratados com mais seriedade e, certamente, os resultados serão relevantes para a evolução da nossa sociedade.

 Fernando Medeiros.    

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