terça-feira, 11 de março de 2014

As revoluções sociais e a charlatanice nos discursos de levante popular nas campanhas políticas



Quem se debruçou em algum momento nas prateleiras da história, seja em alguma biblioteca pública ou em seus acervos particulares, vislumbrou as façanhas de conquistas do poder por forças populares. Leu sobre a revolução francesa que deu início à revolta popular em 1789, motivada pela incompetência e incapacidade de liderança, além, claro, da ineficiência na gestão pública, do monarca Luis XVI. Esta manifestação violenta da população acabou com o regime absolutista e limitou também o poder da igreja.

Esses mesmos leitores também leram sobre a revolução russa de 1917, de Lênin, que por motivos semelhantes aos dos franceses tomou o poder através de uma revolta popular. Como também, esses amantes da leitura leram sobre as revoluções sociais no Brasil, desde os tempos do Império. E claro, que todos esses leitores já perceberam qual o caminho que o Brasil está tomando.

No que se refere àquele período da insatisfação francesa, não houve manifestações no campo pela falta de condições mínimas de subsistência, como também nas cidades, que por sua vez sofriam com altos impostos e péssimas condições de trabalho. E sim, pelo interesse de alguns burgueses que se utilizaram destes momentos de crise para manipular o povo e estabelecer a famosa luta de classes.

Assim, o levante popular regido por Robespierre que representava os anseios populares (??) levou à vitória o povo francês sobre o rei Luis XVI, que, deposto, foi executado junto com os demais aristocratas que formavam o poder absolutista. Mais de um século depois, Lênin tinha os mesmos objetivos e atingiu os mesmos resultados na Rússia. E o povo? Este sempre serviu de mutirão descartável, depois das revoltas voltava à miséria e a exploração. Mudava-se somente o poder explorador.

Esta pequena introdução ilustrada com estes fatos históricos foi usada para fazermos um paralelo com a nossa forma de administração pública, que desde os tempos dos monarcas até os dias atuais arde nas chamas do clamor popular. Mas, aqui no Brasil, o povo é mais pacato, mesmo em 1889, quando passávamos por situações de manifestações populares de iguais proporções que nos países acima citados não fomos tão decisivos, quanto à tomada do poder, ou melhor, não fomos nada decisivos e muito menos participativos. 

Os empresários, pequenos burgueses, e as forças armadas foram os que se mobilizaram e confrontaram o monarca. O povo apenas foi usado para fazer a grita.

O que fez a diferença entre lá e cá foi a condição da fragilidade da nossa monarquia, que já estava com seus dias contados, pois o próprio D. Pedro II não tinha interesse em permanecer no poder e facilitou o “golpe” militar, tanto que nem haviam testemunhas sobre o tal golpe. Este período monárquico fazia o Brasil amargar uma forte crise econômica e social e o clamor popular foi atendido por forças militares orquestradas pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que sem derramamento de sangue efetivou a transição para a República.

Porém, o mais impressionante era o valor dos impostos, que naquela época não chegava a 50% do total de ganhos dos contribuintes. Mesmo assim, a insatisfação levou a população ao desespero. Em dias atuais, nós pagamos mais de 70% de nossos ganhos para os cofres públicos, se isso fosse motivo para um levante popular, não haveria pedra sobre pedra. 

Já em 1930, depois de várias manifestações populares, o Brasil toma o rumo da democracia e com isso os oportunistas iam apresentando propostas populistas. Getúlio Vargas foi o precursor, o maior populista brasileiro e levou o brasileiro a reconquistar a confiança na sua Pátria. Isso mostra que politicamente nos organizamos, caímos, nos reorganizamos e caímos novamente.

 Foi assim que, em 1964, sofremos outro “golpe” militar, que também se deu de forma tranquila. 

Mais tarde através de outra revolução civil. Claro! que pacífica como sempre e liderada por Tancredo Neves em 1985, desarmou os militares e, assim assumimos de forma democrática o controle de nosso País. Democrática?

Mas, esta forma livre e igualitária (??) que a democracia nos oferece não acontece. Na prática, nós estamos atrelados a uma forma ditatorial do poder já estabelecido, onde os detentores do controle do capital e serviços nos obrigam a seguir regras austeras no desempenho de nossas tarefas obrigatórias, denominado trabalho. Esta forma truculenta como nos obrigam a cumprir estas jornadas trabalhistas é desumana e, com o único intuito de lucros fáceis a estes senhores dominantes, que ora são chamados de empregadores.

E cá estamos prontos como bobos, para mais um levante popular. Porém agora quem será o personagem heroico que irão criar em gabinetes confortáveis, para nos incitar e nos provocar com aqueles velhos discursos hipócritas para novamente nos usar?


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