terça-feira, 4 de março de 2014

A polêmica da vacina contra o HPV

Em breve, provavelmente na próxima semana, a vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) integrará o calendário de vacinação e será ofertada - sem obrigatoriedade - pela rede pública às meninas com idade entre nove e 11 anos. A intenção do governo federal com a medida é a de diminuir a incidência de câncer de colo de útero no Brasil. O tema é polêmico. E na opinião do diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Daniel Knupp, “a estratégia deve ser vista com ressalva e muita cautela”.
O ponto de contenda está nas pesquisas científicas. Segundo Knupp, há várias pesquisas demonstrando que a imunização pode provocar, como efeito colateral, o crescimento de doenças autoimunes como o diabetes tipo 1.
Em entrevista à Agência Brasil, o diretor da SBMFC se mostrou reticente quanto à inclusão da dose no calendário nacional de vacinação.
O impacto no tradicional exame para rastrear o câncer de colo de útero - o papanicolau - também preocupa Knupp. Segundo ele, dados da SBMFC apontam que a cobertura do exame no Brasil está bem abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em termos mais diretos: menos de 50% das brasileiras com idade entre 25 e 69 anos faz o papanicolau pelo menos uma vez a cada três anos, quando a taxa ideal seria pelo menos 80%.
A advertência de Daniel Knupp é séria. E precisa ser considerada. Veja: “A vacinação não substitui o rastreamento tradicional. Ela não elimina as lesões (que provocam o câncer), apenas diminui a incidência delas. Se a população for vacinada e deixar de fazer os exames preventivos, ela pode ter piores consequências do que se não tivesse se submetido à vacina”.
Na entrevista à Agência Brasil, ele abordou também o esquema de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde, que consiste em três doses - a segunda seis meses após a primeira e a terceira, cinco anos depois. Segundo ele, o esquema tradicional adotado na maior parte dos países inclui a segunda dose dois meses após a primeira e a terceira, seis meses depois.
Há quem discorde, claro. Para o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, o esquema de vacinação adotado pela pasta é recente mas já passou pelo teste em países como Canadá e Suíça. Segundo Barbosa, teria sido comprovado que, com apenas duas doses, a menina já estaria protegida. A ideia de aplicar a terceira dose cinco anos depois consiste em prolongar o efeito protetivo da imunização.
 Ainda na opinião do secretário, “a eficácia da vacina é indiscutível”.
Agência Brasil.
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