sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Reis sem majestade

O governo existe para dar assistência à população, atender suas necessidades, justificando assim seu financiamento pela sociedade. 

Nós como povo em dado momento histórico decidimos que para além das nossas vidas privadas havia interesses de todos que deveriam ser atendidos por uma instituição fictícia chamada Estado, governo, poder público.

 Percebeu-se que muitos não podiam arcar sozinhos com alimentação, educação, saúde ou segurança e que até mesmo na seara da geração de renda e emprego, era necessária a interferência de um ser que fosse todos e nenhum ao mesmo tempo.

Sim, pois o governo não foi criado para alguém e nem para dar funções ou cargos comissionados que em muitos casos viram até um emprego tanto é o tempo que o indivíduo fica atuando, de governo em governo, de posto em posto, não raro com a mesma inércia.

Decidimos, nós população, que nossos irmãos em humanidade e que tivessem menos recursos, seriam ajudados pelos que detêm mais recursos e assim vieram os tributos que deveriam ser usados para garantir o equilíbrio na balança.

Mas o objetivo se perdeu, faz muito. Lobbys, propinas, esquemas, prioridades questionáveis e muitas outras bactérias do tipo, atacaram o sistema, adoecendo-o e se não conseguimos que uma pessoa receba um atendimento básico numa unidade de saúde falida, muito menos conseguiremos um remédio necessário para combater a infecção generalizada que se espalhou pela máquina pública.

 É certo que nela enxergamos alguns anticorpos cansados e solitários, tentando em vão debelar a doença, mas o mal ainda carece de cura e ela está na mente de cada um de nós que deveríamos ser mais conscientes do nosso papel na sociedade, e do papel do governo em nossas vidas. Fazer mais cobranças e mais fortes. Verdadeiras e sem anarquia. Mostrar não somente nas urnas, mas antes mesmo delas que não somos palhaços e estamos assistindo a situação de negligência que se instalou em todos os setores.

Deveríamos dizer em alto e bom tom que não queremos ouvir que a solução já está sendo providenciada ou que o problema foi herdado da gestão anterior que o herdou da anterior e assim, não se sabe sequer quem é responsável.


Mas isso não é bem verdade, pois o responsável é aquele que agora, achando-se com condições de melhorar a prestação do serviço público, se submeteu ao voto popular e convenceu a maioria de que verdadeiramente algo seria feito. Pedem-nos paciência, pois o governo está iniciando. Pedem-nos compreensão, pois a situação é mais difícil do que parecia.

 Pedem-nos resignação quando finalmente reconhecem que muito mais da metade das promessas não poderá ser cumprida. O problema é de gestão, dizem alguns. Outros atribuem as falhas aos corruptos. Mas quem está gerindo a coisa pública?

 E porque não toma as rédeas da situação e começa a atuar onde há necessidade e não onde dá voto. Pois a missão do político não é ser eleito e reeleito e sim ser o detentor do dever de atender ao povo, carente de tudo, principalmente de dignidade, e que já até acredita que o máximo que merece é uma boa Copa do Mundo ou um maravilhoso Carnaval.
 Subestimado e derrotado, o cidadão e sua família clamam pelas festas populares onde, pelo menos, podem sentir-se, reis, sem majestade, mas de fantasia.

Enquanto isso o dinheiro público, e, portanto de todos nós, escorre não sabemos para onde, ou para quê, mas com certeza sabemos para onde não vai.



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Um comentário:

  1. Subestimado, derrotado, o cidadão e sua família clamam pelas festas populares onde, pelo menos, podem sentir-se, palhaços fazer piada de se mesmo sem precisar por o nariz vermelho, pois sua cara já e uma fantasia.

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