Quantas vezes
ouvimos frases preconceituosas, falamos coisas preconceituosas, pensamos coisas
preconceituosas? De onde vem essa lei invisível de costumes que cria
desigualdade entre as raças?
Data escolhida em
razão da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, o Dia da Consciência
Negra no Brasil. Novembro é o mês de comemorar as conquistas e reforçar o não
ao racismo, à discriminação e ao preconceito racial.
Vale ressaltar, não só
neste dia, a dimensão que a raça negra tem no Brasil. Somos o segundo país com
maior número de afrodescendentes. 80 milhões de brasileiros se declaram negros.
Ficamos atrás
apenas da Nigéria. Em contrapartida, também fomos a segunda maior nação
escravista dos últimos séculos, o último país a abolir a escravidão, o
penúltimo país das Américas a abolir o tráfico negreiro e o maior importador de
escravos da história moderna.
Como mudar esta
cultura ainda impregnada, tanto tempo depois, se a raça negra foi incorporada à
nossa sociedade por meio da escravidão? O tráfico de negros que aconteceu para
nutrir o Brasil de mão de obra é algo imperdoável. Eles foram postos em uma
situação de desigualdade que precisa ser desconstruída.
Em recente
Seminário na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), ouvi a palestra da
professora Olga Pereira, do IFSul, sobre A fragilidade das legislações de
amparo ao negro no Brasil. Sobre os apontamentos de Olga, ressalto alguns
pontos para reflexão: No século XIX, as mulheres negras eram usadas em
experiências da medicina porque eram consideradas seres que não sentiam dor.
Uma mesma mulher chegou a passar por 30 cirurgias sem anestesia. As mulheres
virgens eram obrigadas a ter relações com homens brancos que estavam doentes de
sífilis porque a crença era de que dessa forma eles eram curados e a doença era
passada a elas.
Seres humanos
passam por situações constrangedoras todos os dias por conta da cor de sua
pele. Ainda é preciso reafirmar que a história oficial, escrita pelos brancos,
não é a verdadeira.
Negro não é sinônimo de futebol e samba e a África não é
sinônimo de miséria. A realidade é outra, as políticas públicas estão sendo
outras e precisam avançar. A Lei Áurea os libertou simbolicamente, mas paralelo
a isso não foram criadas políticas públicas de compensação de direitos e
inclusão.
Com a criação da
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no governo Lula,
começam a se efetivar resultados. O Programa Brasil sem Racismo, o
reconhecimento das terras dos quilombolas, a criminalização do racismo, o
sistema de cotas para acesso às universidades, entre outras atitudes, têm feito
a diferença.
Para vencer o
racismo, penso que é preciso constituir na escola as condições para tratar da
formação de valores que perpassam todos os conteúdos. Conscientizar sobre a
discriminação e preconceito através da interdisciplinaridade.
Só uma escola de
turno integral tem condições de estabelecer a formação de valores para mudar,
para que não mais constatemos ocorrências de violência. É preciso lembrar como
machuca quando somos excluídos, discriminados, quando sofremos preconceito.
Isso nos diminui, nos tira a autoestima.
Paralelo a isso,
dizer não às atitudes racistas do nosso dia a dia. O Brasil tem uma dívida a
pagar. Que esta data seja de alegria, de exaltação da origem, de unidade de
luta por direitos e igualdade de oportunidades. Seja de liberdade de
manifestação religiosa e cultural e também de renovação de energias para
conscientizar cada brasileiro da riqueza que é a diversidade racial do nosso
País.
Como disse Nelson
Mandela, ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua
origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e
se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amar.
Por: Miriam
Marroni. - Deputada Estadual PT-RS
Comente este
artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário