quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A Morte de João Goulart



Está marcada para o dia 13, a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart, falecido na Argentina, em 1976, em circunstâncias até hoje não muito bem explicadas. 

Os mistérios que envolvem a morte de Jango poderiam ser muito bem retratados em um romance policial e de espionagem. Artigos, livros, programas especiais na televisão, ao longo destes anos, buscaram explicar a verdadeira causa da morte do presidente deposto pelo golpe militar de abril de 1964. As dúvidas continuam. São muitos os elementos que amparam a suspeita de que ele foi assassinado. 

O historiador, escritor e jornalista Juremir Machado da Silva em seu livro “Jango: a Vida e a Morte no Exílio”, traz as denúncias de Mario Neira Barreiro – em liberdade condicional atualmente no Brasil, depois de vários anos de prisão por crimes comuns – que se apresenta como ex-agente secreto uruguaio, tenente Tamuz, tendo sido encarregado de espionar Jango durante anos e de gravar suas conversas. 

Neira afirma que participou da Operação Escorpião, montada pelo delegado Fleury, a pedido da ditadura militar brasileira, em conluio com o governo uruguaio para matar Jango. Uma troca de medicamentos para o coração teria provocado a sua morte.

No livro de Juremir o ex-agente secreto revela que “havia uma equipe do serviço secreto uruguaio com a missão especial de vigiar Goulart. Ele explica, igualmente, que um “composto químico” foi incluído dentro dos medicamentos que Goulart tomava normalmente... Por fora era tudo igual, mas o conteúdo dos remédios foi trocado. Não existia modo de diferenciar, pelo aspecto, entre o verdadeiro e o adulterado. De cada embalagem, um só comprimido fora trocado... Poderia ser o primeiro que tomasse ou ser o último... Era questão de esperar e iria acontecer! Apenas um comprimido foi trocado, uma vez que existia a possibilidade de que, perante a morte tão repentina de Jango, alguém desconfiasse de que pudesse ter sido envenenado e, se os comprimidos restantes fossem analisados à procura de veneno, poderia ser detectada a presença de um composto totalmente diferente e de efeito contrário à medicação prescrita.

Para maior tranquilidade, foram enviados três agentes para recuperar os medicamentos, depois de confirmado o óbito. Saíram de madrugada, às pressas, em um automóvel Aero Willys, da Chefatura de Polícia, que foram apreendido e estava aos cuidados do inspetor Rigaud e à nossa disposição”, detalha o espião. 


Outro elemento estranho no caso do falecimento de Goulart, foi a morte de 18 pessoas que sabiam detalhes sobre o fim de Jango: todos morreram do coração, do seu cozinheiro e mordomo Tito a cinco dos seus pilotos de avião. Até o médico Rafael Ferrari, que examinou o corpo de Jango, na Argentina, e assinou o atestado de óbito, marcando “infarto do miocárdio”, morreu de um ataque cardíaco. Um dos pilotos de Jango, faleceu dentro de um barco, indo para a Argentina para depor sobre a morte do ex-presidente. A maleta que continha documentos sumiu. Todos os agentes que teriam participado da missão de eliminar Jango morreram, ou, “foram eliminados”. 

Assim, teríamos o quadro do crime perfeito, segundo revelou o agente Neira ao historiador.

Em um deles deram um tiro de 9mm dentro da própria Chefatura de Polícia. Escapou, para acabar sofrendo meses depois, ao tomar uns drinques de “algo químico”, um enfarto. Morreu anos mais tarde do coração. Os outros dois, que eram irmãos, morreram no mesmo local, na Chefatura de Polícia, por projéteis de calibre 38, em circunstâncias muito estranhas. O quarto elemento misteriosamente jogou-se do 1º. Andar de um edifício, motivado por uma briga com sua namorada! Jango tinha problemas de saúde e não era um bom paciente.

 Não tomava os remédios com a regularidade necessária e, igualmente, não tinha cuidados com sua alimentação. Para o historiador Juremir Machado, ao que tudo indica, Jango morreu de morte natural mas, acredita, que realmente houve um plano para assassiná-lo. O processo de exumação do corpo do ex-presidente, que acontecerá no próximo dia 13, poderá desvendar esse mistério.


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Um comentário:

  1. Realmente digno de um romance policial.
    Que a verdade seja conhecida, pena que os culpados certamente não serão punidos.
    Mas a verdade é sempre benvinda, ainda que tarde, nesse caso.
    Abraços

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