sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Seres emocionais da oficina do convívio


A aprendizagem social tem início na família, primeiro grupo de que se faz parte. É um grupo organizado com hierarquia, deveres e direitos que precisam ser respeitados. Nele o indivíduo começa a assimilar padrões de comportamento que lhe serão úteis por toda a vida.

Na família os filhos aprenderão a respeitar as autoridades – os pais; a trabalhar em regime de cooperação; a dividir o que é seu e de seus irmãos. Aprenderão a desfrutar de seus direitos, a cumprir seus deveres.

Desta forma estarão se preparando para a integração na sociedade em que vivem, capacitando-se para respeitar os limites e direitos de seus semelhantes.

O lar, construído com amor e respeito, é o lugar onde os filhos são preparados para crescer no sentido da independência e de um modo de viver no mundo exterior.

Há famílias onde vínculos e laços traduzem afeto, simpatia. Não importa a posição no jogo ou campo de reencontro, a tônica é a afetividade saudável, a soma de valores, o crescimento comum. São os núcleos afins, forjados ao longo de bem sucedidas experiências através das vidas sucessivas. Se atraem e formam ninhos de aconchego e tranquilidade.

Há famílias onde liames são correntes e as ligações retratam antigos grilhões. Desrespeito, agressividade, inaceitação compõem as diretrizes desse núcleo jaula. A atração resulta da fatalidade evolutiva. Chega um momento em que se deve estar a caminho com antigos desafetos, na tentativa de desfazer enganos e desenganos.

Os seres humanos são irmãos pela paternidade de Deus – pai de todos. Constituem uma só família e deveriam se relacionar movidos por amor fraternal e solidário, que um dia acontecerá.

Por enquanto através de ensaio e erro associam-se pela consanguinidade. Grupos que estando em falta um com o outro são levados a formar uma família nuclear, onde pai, mãe e filho se reúnem para aprender respeito mútuo, compartilhando teto, cama e mesa, usando sobrenome comum, cada um resguardando e honrando a própria linhagem. Não há, como se vê, casualidade nessa associação.

 Ela se forma segundo as necessidades de solver pendências deixadas para trás. Elas são devidas ao mal que se praticou ou ao bem que se deixou de fazer a quem se podia socorrer. Foram postergados compromissos assumidos e não cumpridos que ficaram rolando, aguardando solução.

Não é  à toa que se nasce parente. É nova chance que surge para ver se dessa vez dará certo. Se não der, tudo recomeçará, seja comédia ou tragédia; drama psicodélico, ou roteiro tradicional, com os mesmos atores em papéis diferentes, por vezes trocados: quem foi pai poderá vir como filho ou filha. Os cônjuges trocam de lugar, sendo que ela poderá vir como ele e vice-versa.

Até parece engraçado, se não fosse tão sério. Tudo regido pela lei de Causa e Efeito considerando que a criatura é livre para agir, mas é totalmente responsável por seus próprios atos, pelos quais responderá.

O lar é o palco onde se está sujeito a receber flores e dores. É onde acontecem lágrimas e risos em situações imprevisíveis, em ações tragicômicas.

As lágrimas poderão ter diferentes origens. São expressão de sofrimento para uns e sinal de alegria ou fraqueza para outros. Há quem chore cansado e oprimido ou por desencanto ante desenganos, chantagens e vinganças. Há os que derramam lágrimas de contentamento pelas benesses do feliz reencontro. Cada um tem seus motivos para expressar doces emoções ou para fugir do sufoco.

O avarento chora quando deixa de ganhar. O altruísta pela divisão dos bens.

O sentimental choraminga vendo filmes ou só de lembrar do objeto de suas afeições ou decepções. Há os que sofrem com as injustiças que ocorrem nas novelas prejudicando famílias ou seus atores preferidos. Há os que se emocionam com o sorriso dos bem-amados e se desdobram compondo e nutrindo leais parcerias.

 Em qualquer enfoque, antropológico, psicológico ou espiritual e transcendente, a família é a “oficina do convívio”. Somos sem dúvida, seres emocionais.


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