segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Tabu pode ser quebrado


 
Especialistas em religião acreditam que Santa Sé pode alterar regras e permitir matrimônio de padres.
 
O celibato dos padres pode entrar em discussão no Vaticano. Segundo o arcebispo italiano Pietro Parolin, que está prestes a assumir o cargo de novo secretário de Estado da Santa Sé, é sim possível modificar a regra que impede padres de se casarem.
As informações são da última publicação da revista IstoÉ. Embora o celibato, desde sua instituição no primeiro século, seja regra e não dogma, portanto passível de questionamentos, é incomum ver religiosos em altos cargos da hierarquia católica tratando o assunto abertamente, o que sede espaço para maiores discussões.
De acordo com uma entrevista do arcebispo ao jornal venezuelano El Universal, tratou sobre o celibato: “Não é um dogma da Igreja e pode ser discutido, porque é uma tradição eclesiástica”. Sobre a regra que proíbe padres de se casarem. “É possível falar, refletir e aprofundar esses temas que não são de fé definida e pensar em algumas modificações”, explica.
Segundo dados da Igreja, hoje, no Brasil existem aproximadamente 22 mil padres para 48 mil centros de atendimento religioso, ou seja, um déficit de cerca de 20 mil sacerdotes. Um candidato ao sacerdócio precisa estudar, em média, oito anos, sendo quatro de filosofia e outros quatro de teologia, além disso, precisa abrir mão de um projeto de vida conjugal.

Opiniões
 Para apóstolo César Augusto, a base de tudo que se refere à igreja precisa estar primordialmente de acordo com a bíblia. A posição religiosa, segundo ele, não fala sobre celibato, mas sim que o homem ou a mulher tem liberdade de escolha, e isso não define se vai continuar ou não em determina posição da igreja.
 “O celibato é uma decisão pessoal, melhor que os padres possam se casar e com isso evitar terem uma vida pecaminosa. O papa está certo se decaidir discutir a respeito”, diz.
 Para o presidente da Federação Espírita de Goiás Weimar Muniz de Oliveira, seria positivo a permissão para que os padres se casem.  Ele explica que Chico Xavier trata sobre a família organizada: “Você acha que o mundo conseguiria se sustentar sem ela? Para que haja união dos gametas para que fertilize o óvulo deve existir a união entre o homem e a mulher, do contrário não teríamos, hoje, mais de sete bilhões de pessoas no mundo, seria um caos”.
Weimar acrescenta que o celibato foi criado pela Igreja, Jesus vivia entre as famílias, e em momento algum ele ou Moisés pregaram isso. É algo criado pelo sacerdócio organizado. A família organizada tem por trás o casamento para que exista o consorcio, a comunhão de homem e mulher, o que fará com que tenham filhos uma sociedade e existam as nações. “Caso contrário seria somente desordem”, diz.
 Ele ainda cita uma passagem bíblica: “Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta às estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência. Gênesis 15:5”.
 Padre Rafael Javier Magul esclarece que a vida celibatária ou pelo matrimônio é uma vocação, significa que a pessoa responde a um dom, a uma missão, a um ministério. “O sacerdócio é uma missão e um ministério e, como disse São Paulo, cada um tem seu dom, o mais importante é que sejamos autênticos.
Em sua primeira carta aos Coríntios, precisamente no capítulo sete, quando se fala acerca do matrimônio, é dito que “é melhor para eles que permaneçam como eu, mas se não podem guardar a continência, casem-se, pois é melhor casar do que abraçar-se”, diz.
Ele ainda ressalta que há quase dois mil anos  na igreja, a vida celibatária já era opcional. “Aí tínhamos padres casados, bem como padres celibatários. Santos como São João Crisóstomo, São Basílio, São Ambrósio, Santo Agostinho, escolheram a vida celibatária. Temos outros, como São Gregório e São Espiridão, que escolheram servir ao Senhor em família”, explica.

Ter sacerdotes celibatários e casados é parte da igreja. Por isso mesmo na Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, as pessoas casadas podem chegar ao sacerdócio, mas não ao episcopado, mas isso não é por uma razão teológica, e sim por uma razão pastoral e prática.
A tal ponto que até na Igreja Católica Romana o celibato não é um dogma de fé, de disciplina. Segundo o padre que é um sacerdote casado e têm dois filhos, tal opção não o impediu de exercer seu papel perante a igreja.
“Meus filhos são universitários, minha esposa dirige o coral da igreja e nada impede que eu desenvolva meu trabalho pastoral com sucesso. Pelo contrário, são instrumentos de evangelização em família”, ressalta.
O padre ainda cita que biblicamente falando, na primeira epístola a Timóteo, no capítulo três, quando se fala a respeito das qualidades que devem ter os epíscopos, são destacadas a bondade, a paciência, o desprendimento e, expressamente, estes devem ser casados uma só vez. Esclarece-se: “Quem não pode governar sua própria casa, como poderá governar a casa de Deus?”.
O mesmo se aplica aos diáconos. “Em nossa irmã Igreja Católica Romana, no último ano, dom Washington, arcebispo metropolitano, ordenou quase trinta diáconos permanentes, casados, por quem rezamos por seus sucessos pastorais, haja vista que essas ordenações, com certeza vão ajudar positivamente ao que o papa Francisco está pedindo, que é justamente sair às ruas, envolver-se com os problemas e as necessidades dos demais e estar mais perto do povo”, conclui padre Rafael.
 comente este artigo.
 
 
 
 
 

Um comentário:

  1. Não concordo que seja conveniente o casamento para padres, por uma razão pura e simples. Atrelado ao direito de casar-se viriam todos os demais "direitos" que as pessoas casadas acham que têm. Que fique bem claro eu disse "pessoas" e "acham."

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