domingo, 29 de setembro de 2013

O gigante não voltou a dormir, perdeu-se.

A expectativa é um dos sentimentos humanos mais difíceis de lidar, pois depois de alcançado um referencial, nada abaixo dele será considerado satisfatório e, desta forma, sempre estaremos em busca de sensações que superem as experiências anteriores.

O dia 07 de setembro de 2013 passou carregado de expectativas, em sua maioria, frustradas. Precedido por momentos históricos, onde todas as vozes foram manifestadas nos milhares de cartazes pelas ruas do país em junho, o dia da Independência não ouviu os gritos que esperava.

 
Já surgiram aqueles que decretaram o retorno do “gigante” ao seu berço esplêndido, e assim apregoam o descrédito no povo brasileiro que não lhes correspondeu às expectativas por não tomarem novamente as ruas com toda fúria e entusiasmo, não superando as imagens veiculadas há três meses pela mídia internacional.


Abstraindo as expectativas românticas e pouco lógicas, avalio que o “gigante” não voltou a dormir, mas está completamente perdido. Aparentemente não ficou claro para aqueles que exigem uma postura mais ativa e engajada do povo brasileiro, que este não assistiu às aulas politizadas das academias ou às reuniões ideológicas dos partidos e movimentos sociais. Sua motivação ainda é difusa, mas suas carências são claras.


As manifestações de junho contaram com anos de acúmulo de frustrações e angústias, associadas a um catalizador econômico que atuou como imã atraindo as pessoas para as ruas. Movimentos desordenados, desorganizados e acéfalos, mas com pelo menos um ponto em comum que os mantiveram unidos nas ruas: a necessidade de extravasar e aliviar a pressão. Todos foram contemplados por esta demanda.


De junho a setembro, os brasileiros foram bombardeados com mais uma série de decepções e escândalos, com corporativismos políticos que beneficiaram bandidos, e com o costumeiro paralisar das ações em benefício do povo. Porém uma coisa não aconteceu neste ínterim: nem políticos, nem líderes, nem entidades surgiram para assumir o papel de novos catalizadores dos motivos populares.


A acefalia de junho pôde ser compensada por fatores que suplantaram a importância de um guia comum, os próprios sentimentos e carências fizeram este papel. No entanto, estes motivadores jamais seriam suficientes para repetir as cenas daquela jornada. Como falamos no início deste texto, as expectativas só se superam por sentimentos mais fortes e impactantes que os anteriores.


Sem direcionamento, liderança e educação disseminados entre todas as fileiras dispostas a mudar este país, ainda que ele não adormeça, ficará sem rumo, perdido em meio a um campo que nunca lhe foi apresentado da maneira devida. O povo mantem os mesmos anseios e carências de antes, mas não sabe se o caminho das ruas é suficiente para saná-los.

 


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