quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Por que brasileiros morrem do coração?


Por ano, cerca de 350 mil pessoas falecem no Brasil devido a problemas cardíacos, segundo Ministério da Saúde

 

33% dos brasileiros morrem por consequência de doenças cardíacas. Em nosso organismo, o colesterol desempenha funções essenciais, como produção de hormônio e vitamina D. No entanto, o excesso de colesterol no sangue é prejudicial e aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. O colesterol alto não apresenta sintomas, por isso, quem tem aterosclerose e obesidade possui histórico de morte na família por infarto, é sedentário e/ou alimenta-se com ingestão exagerada de gorduras saturadas tem mais chances de ter colesterol alto.

O colesterol pode ser considerado um tipo de lipídio (gordura) produzido em nosso organismo. Ele está presente em alimentos de origem animal (carne, leite integral, ovos etc.). A aterosclerose não produz qualquer tipo de sintoma até que ocorra a obstrução de uma ou mais artérias.

Existem medicamentos para controlar o colesterol alto, como as estatinas, mas o colesterol elevado também melhora com uma mudança mais significativa no estilo de vida. Reduzir o estresse, praticar exercícios físicos, manter a pressão arterial estável e o peso sob controle são fundamentais para controlar os níveis de gordura no sangue. As pessoas que têm diabetes devem ficar mais atentas.

Além de uma alimentação equilibrada, há outras maneiras de evitar o aumento do colesterol e, até mesmo, diminuí-lo.

Praticar exercícios físicos: a atividade física pode ajudar a emagrecer e a diminuir as tensões. Controlando o peso, fazendo exercício ou praticando esporte, você se sente melhor e diminui o risco de infarto e os níveis de colesterol no sangue.

Não fumar: o cigarro é um fator de risco para doença coronária. Aliado ao colesterol, multiplica os riscos.

Evitar o estresse: uma vida menos estressada também diminui o risco de infarto e redução do colesterol. Procure transformar as suas atividades diárias em algo que lhe dê satisfação.

Fazer uma dieta com baixos níveis de gordura e colesterol: seja rigoroso no controle da alimentação.

Nada de 

bom ou ruim

Em nosso sangue, existem dois tipos de colesterol.

Colesterol LDL: conhecido como “ruim”, ele pode se depositar nas artérias e provocar o seu entupimento, devido sua densidade.

Colesterol HDL: conhecido como “bom”, retira o excesso de colesterol para fora das artérias, impedindo o seu depósito e diminuindo a formação da placa de gordura, pois possui menos densidade.

HDL significa lipoproteína de alta densidade, e LDL significa lipoproteína de baixa densidade. É interessante observar que LDL e HDL são lipoproteínas — gorduras combinadas com proteínas. Só existe um colesterol. Não há nenhuma coisa do tipo colesterol bom ou ruim. Colesterol é só colesterol. Ele se combina com outras gorduras e proteínas para ser levado pela circulação sanguínea, uma vez que a gordura e soro sanguíneo (hidrofílico) não se misturam muito bem. 

Todos os alimentos de origem animal têm colesterol. Portanto, a dica é dar preferência aos alimentos de origem vegetal: frutas, verduras, legumes e grãos. Quem tem predisposição ao colesterol alto deve seguir as mesmas recomendações descritas no tratamento: manter hábitos de vida saudáveis, evitar o fumo e controlar o colesterol e a pressão arterial.

Falso magro

Nem toda pessoa que tem colesterol alto está acima do peso. Existem pessoas que têm peso dentro do ideal para a faixa etária,  mas as taxas de colesterol são altas.

 De acordo com a cardiologista Tânia Martinez, “a obesidade e o sedentarismo não são os únicos responsáveis pelo aumento do colesterol e dos triglicerídeos no sangue. Independentemente do peso ou da idade do indivíduo, o colesterol elevado pode acontecer devido a doenças genéticas, como a Hipercolesterolemia Familiar (HF). A HF é uma doença causada por uma alteração no gene que codifica o receptor de LDL (colesterol ruim). Esse receptor fica na superfície das células removendo as partículas de colesterol contendo LDL do sangue. A alteração no gene do receptor de LDL resulta em receptores anormais que ficam impedidos de remover o colesterol LDL do sangue”.

diagnóstico

preCOCE

O maior problema no combate ao colesterol elevado é o desconhecimento do impacto do problema e o atraso do diagnóstico. É fundamental a existência de mais informações e normas para que os médicos, profissionais de saúde e população em geral possam reconhecer essa doença e iniciar o tratamento precoce.

 A cardiologista ressalta algumas soluções para problema do colesterol alto: “Algumas formas de solucionar esse problema são por meio de campanhas de conscientização sobre os riscos do colesterol elevado, a importância da adoção de um estilo de vida saudável (alimentação balanceada e prática de atividade física), e a necessidade de consultas e exames médicos regulares, como o check-up”, pontua.

Estatísticas

Existem dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2010 que indicam que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 33% dos óbitos no Brasil, o que representa 350 mil mortes por ano, cerca de mil por dia.

Especificamente sobre a doença genética do colesterol (a Hipercolesterolemia Familiar – HF), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) informa que a HF é responsável por 5 a 10% dos casos de eventos cardiovasculares em pessoas abaixo de 50 anos. Estima-se que, no mundo todo, existam mais de 10 milhões de indivíduos portadores de HF, porém menos de 10% destes têm diagnóstico conhecido de HF, e menos de 25% recebem tratamento adequado. No Brasil, a estimativa é de que cerca de 300 mil pessoas possuam a doença.

Taxas infantis

É recomendável que, além de manter o peso em níveis ideais, crianças a partir de 10 anos verifiquem o colesterol para evitar complicações futuras. Em crianças que possuem histórico de doenças cardíacas precoces na família (geralmente antes dos 55 anos em familiares de primeiro grau) ou colesterol alto, a medição do colesterol pode ser feita logo aos dois anos de idade.

Segundo diretrizes da Associação Americana de Cardiologia, meninos com mais de 10 anos e meninas após a menarca portadores de HF devem iniciar tratamento medicamentoso para reduzir o colesterol quando as taxas de LDL (o colesterol ruim) estiverem acima de 190 mg/dL ou 160 mg/dL, se estiverem associadas a outros dois fatores de risco ou a histórico familiar de doença cardiovascular.

Avanços

Dentre as opções existentes para o tratamento medicamentoso do colesterol elevado e da Hipercolesterolemia Familiar (HF) estão as estatinas, que são avaliadas constantemente em estudos clínicos e experimentais. Dentro desta categoria, a atorvastatina é a estatina com o maior número de evidências científicas que comprovam seus efeitos na redução significativa dos níveis do colesterol LDL e do risco de eventos cardiovasculares.

Na maioria dos casos, o colesterol elevado, inclusive em crianças e jovens, deve ser tratado com mudança de hábitos alimentares e atividade física. Porém, a necessidade de tratamento medicamentoso sempre é ponderada pelo médico. Não há dúvidas de que a redução do colesterol com o uso de estatinas é uma das armas mais eficientes para evitar a doença aterosclerótica. Entretanto, somente o médico pode avaliar em qual situação se deve iniciar o tratamento farmacológico para o controle do colesterol elevado em crianças, jovens ou adultos.


Karla C. Marques.


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