quarta-feira, 31 de julho de 2013

Preparação de terceira para evento no terceiro mundo


Ainda hoje o Brasil é conhecido por ser um “país de Terceiro Mundo” por inúmeras razões: criminalidade em alta, problemas na infraestrutura, saúde doente, baixo índice do PIB... E, como se esses e outros problemas que temos não bastassem, de um tempo para cá ganhamos mais um: dizem que, historicamente, somos a nação que pior se preparou para sediar uma Copa do Mundo. Ano que vem os times que representam diversos países estarão aqui para mostrar seu futebol. E nós, vamos mostrar o que para eles?

A mídia tem se empenhado em monitorar a preparação nacional e divulgar o que está indo bem e o que não está - se é que há algo que se encaixe nessa última categoria. Se os estádios inacabados ou construídos com orçamentos superfaturados são o assunto número um das pautas relativas ao nosso período pré-Copa, a preocupação em receber bem os turistas pode ser considerado o tema número dois.

De um jeito ou outro, todo tipo de veículo de comunicação já mencionou que o Brasil não está pronto para atender bem ao pessoal que virá de outras partes do planeta para prestigiar o Campeonato. Não temos bons hotéis, o nível de violência é assustador e, especialmente, a maioria de nós não sabe falar inglês. Como vamos nos comunicar com os turistas se continuarmos ignorantes quanto ao idioma mais falado no mundo inteiro? Dúvida cruel!

Até os taxistas, provavelmente, uma das classes profissionais que mais terá contato com os estrangeiros, estão sendo cobrados para não fazer feio e ir além do the book is on the table. Providencial pensar nisso, também. O desconforto vem de saber que, a qualquer lugar que se vá, o normal é que os visitantes se esforcem por saber a língua dos nativos. Os anfitriões não são exatamente obrigados a isso.

Imagine-se com passagem comprada para a Rússia. Você apostará suas fichas em que os gringos estejam com um dicionário de português embaixo de um braço e com um cartaz de boas-vindas - também em português - erguido pelo outro lhe aguardando no aeroporto? Eu não esperaria. Talvez um tradutor on-line, ainda que não 100% confiável, fosse acionado, em caso de emergência, para auxiliar, pelo menos, no be-a-bá básico dos russos. Vai para a França? Aprenda, no mínimo, o bonjour, literalmente para começo de conversa. Grécia, Japão, Afeganistão... Com as devidas adequações, a regra vale para qualquer lugar fora de nosso território. Mesmo se formos a Angola ou a Portugal - onde também se fala português -, é bom se informar sobre as sutis e perigosas diferenças entre uma variação e outra para não pagar mico. Mas, pelo que se tem difundido, aqui não é assim.

Preparemo-nos nós, brasileiros, para saber a língua dos visitantes internacionais. Quem sabe isso não nos promove para uma colocação no Segundo ou, quem sabe até, no Primeiro Mundo? Não precisa muito. Saber o inglês já é o bastante. E, olha que boa notícia: tal conhecimento vai servir além do período da Copa de 2014. Se você pretende visitar Paris algum dia, o pessoal de lá já vai estar pronto para lhe saudar com o mais gentil do vocabulário americano.

 Um livro que está circulando por lá - intitulado Você fala turistês?, em tradução livre - ensina aos franceses como lidar com quem seja de fora para garantir a boa impressão e, claro, o bom retorno financeiro. Na parte que fala sobre os turistas brasileiros, a dica se resume à frase padrão: “Não falo português, mas posso informar em inglês”. É. Eles podem.


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