sexta-feira, 8 de março de 2013

E o Oscar vai para?


Após a cerimônia de entrega do Oscar aos glamourosos do cinema americano me entristeci profundamente. Melancolia esta causada pelo pouco reconhecimento da literatura brasileira e também pelas políticas que comandam, regem a nossa humanidade. Política que conforme o dicionário Aurélio sinteticamente significa: ciência do governo dos povos, mas que tem seu conceito e aplicabilidade totalmente deturpada no mundo atual e, infelizmente, estão em todas as esferas sociais. Após olhar o filme As aventuras de PI, baseado na obra Life of Pi, do escritor canadense Yann Martel, “fiquei com a pulga atrás da orelha”.

Pensei, eu conheço essa narrativa. Mais tarde vasculhando minha singela biblioteca caseira encontrei nosso saudoso póstumo escritor gaúcho Moacyr Scliar. Simplesmente idênticas a obra Max e os felinos de Scliar, publicado em 1980 e A vida de Pi, publicado em 2001, como foi batizado o livro aqui no Brasil.

 Intrigado pesquisei um pouco sobre o autor e tal polêmica e as incongruências e discrepâncias logo apareceram. Questionado pelo plagio e sobre se teria lido a obra de Scliar rapidamente responde que não que apenas leu uma crônica desfavorável, um comentário de John Updike feito no jornal americano The New York Times e quisera ele “aproveitar uma boa ideia estragada por um escritor ruim”. Mas que crônica? O jornal americano jamais publicou crônica alguma. Totalmente contraditório escreve um agradecimento a Scliar no prefácio de Life of Pi.

Poxa vida, por que não citar? Como afirma Antoine Lavoisier, “na natureza nada se cria tudo se transforma”. A própria história da humanidade e da literatura mostra que as intertextualidades e busca em fontes, obras já consagradas sempre foram comum e até aí não existe mal algum.

Ah e a política? Peço desculpas ao leitor pela embroma. Reclamo da política porque o que comanda a humanidade por incrível que pareça também e/ou a literatura é ela. Por exemplo, das editoras que colocam nas estantes das bibliotecas e livrarias os ditos best-sellers como Life of Pi e deixam esquecidos os Guimarães Rosa, os Scliar, os Machado de Assis. O próprio prêmio Nobel é envolvido, guiado e chefiado por uma política de defesas filosóficas, editoriais e sociais que, inclusive, são a metade da indicação.

Às memórias de Scliar fica aqui os parabéns e um apertado quebra costelas. Ele que não parou de pelear e a resposta aos editores americanos que após a polêmica dariam o mundo ao escritor e ele, dissera não. Preferiu manter a boa ideia mal aproveitada, segundo Martel, e não cedeu às comercializações sem precedente.

Mas, direis não se preocupe Scliar o Oscar da Literatura vai para você. E para o escritor Yann Martel somente uma pergunta. Por que não citar?


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