É visível: nos últimos quinze anos, o trânsito mudou. Nesse período, a
frota gaúcha mais do que dobrou. Hoje, são mais de cinco milhões de veículos
circulando e mais de quatro milhões de condutores. O trânsito tornou-se mais do
que complexo: ganhou status de ciência e vários de seus ramos tornaram-se
especializações universitárias. Em seu aspecto mais violento, o trânsito
tornou-se também uma calamidade pública, reconhecida pela
Organização das Nações Unidas como epidemia mundial.
Espelho da sociedade em que está inserido, o trânsito de hoje reflete toda a complexidade da sociedade moderna e das relações entre as pessoas. Em diversos aspectos, o Código de Trânsito Brasileiro antecipou-se às mudanças sociais que se refletiram no espaço de convívio a que chamamos trânsito. Na terça-feira, 22, completou-se 15 anos de sua vigência, trazendo vários debates e algumas certezas.
Espelho da sociedade em que está inserido, o trânsito de hoje reflete toda a complexidade da sociedade moderna e das relações entre as pessoas. Em diversos aspectos, o Código de Trânsito Brasileiro antecipou-se às mudanças sociais que se refletiram no espaço de convívio a que chamamos trânsito. Na terça-feira, 22, completou-se 15 anos de sua vigência, trazendo vários debates e algumas certezas.
Dentre as certezas, a principal é a de que, nesse período, o trânsito
ganhou espaço de discussão, saiu das sombras e está sendo dissecado à luz do
dia, mostrando suas fragilidades e seus problemas, mas também suas
potencialidades e possibilidades de recuperação. As questões de trânsito são
pauta obrigatória de qualquer órgão de imprensa responsável, de qualquer
governo sério, de qualquer educador comprometido. Tema de nível planetário - do
ponto de vista ecológico, sociológico, econômico - o trânsito bebe das fontes
de diversas áreas do conhecimento.
O etnólogo francês Marc Augé, por exemplo, introduz o importante
conceito de não-lugar, espaço que se opõe ao lar, ao espaço personalizado,
privado. O não-lugar é por definição um espaço público de passagem, de contatos
breves e epidérmicos, tal como shoppings e estações, em que o ser humano se
sente ainda mais só, por se perceber um ninguém junto a muitos outros seres
humanos igualmente indiferenciados. Ele sente necessidade, em espaços assim, de
impor sua individualidade, valorizando símbolos como cartões de crédito ou a
carteira de motorista. Daí podemos intuir que, quanto mais impessoal e anódino
for o espaço público, mais os seres humanos que nele circulam tenderão a
comportamentos fora do padrão - seja pichando uma parede, seja desrespeitando
leis de trânsito.
Conhecimentos como esse nos autorizam a avançar mudanças. Se o
nascimento do CTB, há 15 anos, abriu espaço para questionamentos e muitos
debates, hoje vivemos a época da consolidação das normas, estas consideradas
como o social resolvido, a problemática já solucionada e cristalizada. O
desafio está, porém, em aplicá-las da forma mais adequada aos seres humanos que
somos - caso contrário, elas serão letra morta ou, pior, instrumentos de
domínio, a exigir constante controle dos corações e das mentes. Precisamos trabalhar o trânsito com a amplitude que
lhe é própria, humanizando-o, tornando-o inclusivo, possibilitando protagonismo
e expansão humana de todos e de cada um. No dia em que o conseguirmos,
infrações e os consequentes acidentes não serão mais do que histórias de um
passado que ninguém gostará de recordar.
Se concorda com isso, comente...
Bem, o trânsito está mudando si, Como todo processo que envolve consciências humanas é lento demorado. Morrem por ano 43 mil pessoas em acidentes automobilísticos. UM número assustador
ResponderExcluirPrecisamos de mais conscientização, de um trabalho didático, educacional de educação das vontades de autoconhecimento, de saber lidar com o estresse, os conflitos, as frustrações. Isso é comum ao dirigir um carro. Trabalhar esses sentimentos enquanto estou num engarrafamento. Cinco por cento de multas e impostos no trânsito devem ser usados para isso. É muito dinheiro. Será que estão usando esse dinheiro para isso???