quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Médicos fazem mal para a saúde






Segundo Darcy Ribeiro, em 1995, (lá se vão dezessete anos), em um discurso: Universidade para quê? Questiona, porque este país não deu certo. Afirma: “um país que deu certo, para mim, é aquele em que cada pessoa tem um emprego, em que todos comem todos os dias, em que toda a criança vai à escola, em que todos têm moradia, em que todo o velho e doente é amparado. Isso é um país que deu certo”.

Ficarei apenas com está última e lamentável parte. Penso como este genial humano que o Brasil produziu. Todos, em um país que deu certo, que precisassem dos serviços de saúde do Sul ao Norte fossem minimamente bem atendidos, algo que é terrivelmente difícil de ver acontecer, em dias que a saúde virou mercadoria e o descaso de muitos é gritante. O governo distrital deixou de investir nesta pasta o montante de 370 milhões em 2011. Pouca coisa, não é mesmo?

Fui atendida num plantão da capital, do tal de país que não deu certo, e em cinco minutos de consulta, o médico passou a agredir-me verbalmente, considerando sacanagem tê-lo procurado naquele horário e que teria uma cirurgia às 6h da manhã, que não iria fazer absolutamente nada por mim e que deveria retornar no dia seguinte. “Você cortou? Torceu? Isso não é nem emergência e muito menos urgência.”

Acredito piamente que Hipócrates revirou-se no túmulo mais de uma vez naquela noite.

O que se passa com a humanidade deste médico? Foi dar uma volta? Saiu de seu corpo? Estava muito incomodado pelo fato de tê-lo acordado?
Qual a razão do setor de urgência e emergência de um hospital? Não seria atender bem os pacientes que lá chegam ou são apenas para pessoas desocupadas, não pacientes, passearem porque não tem nada mais significativo na vida para ser feito?

E mais, doença escolhe horário para nos acometer? Acredito ser lugar comum esse tipo de atendimento por parte de alguns médicos desse país que não deu certo. Sei apenas que o que nos resta são reclamações escritas ou telefônicas e convoco a todos que não deem férias de seus mínimos direitos.

Quero deixar claro que isto não foi um atendimento no famigerado SUS. O atendimento foi no sistema particular, onde não estava pedindo um atendimento gratuito da sapiência deste médico e sim atendimento pago ao plano de saúde. Eu sentia dor forte no pé esquerdo, estava muito inchado, visto que já contraí uma bactéria potencialmente letal fiquei muito preocupada. E os que têm câncer? Os que precisam de hemodiálise?

Os que estão quebrados, cortados, queimados e que lamentavelmente não tem voz e nem vez para reagir quando maltratados porque se encontram fragilizados para além dos corpos?

Na capital federal tem-se isso. O que dizer de grotões nos recônditos deste país?

Uma decisão de Conselho Nacional de Educação (CNE) reabriu trezentas e sessenta e duas vagas de Medicina que haviam sido fechadas em 2009, por baixa qualidade do ensino. Esta decisão está provocando polêmica no meio médico. Só neste meio? E a sociedade? E os profissionais de classe? E o planeta? O órgão deferiu os pedidos de recurso de oito instituições que haviam sido mal avaliadas naquela época e, por isso, tiveram vagas cortadas, mas mostraram melhoria nos últimos indicadores, divulgados em 2011. As decisões do CNE foram publicadas no fim do ano passado no Diário Oficial da União, mas ainda não foram homologadas pelo Ministério da Educação (MEC). Uauuu!!! Talvez esteja na má qualidade da formação uma das explicações de tais atitudes em plantões pelo meu país.

E nós a vermos jalecos brancos desfilando como se doutores fossem, mas na verdade transportam a pequenez de suas almas ocas. Tomara que este médico continue a ter saúde, mas sabemos que a vida dá voltas e voltas e nelas as surpresas são muitas, mesmo para médicos que fazem mal para a saúde.


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2 comentários:

  1. Perfeito. Eu moro na capital e sei como é isso. Pensam que estamos lhes fazendo um favor.


    erranteopcional.blogspot.com.br

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  2. E assim caminha a humanidade,....ou melhor o Brasil sonegando sua "pátria amada".
    Seguindo e compartilhando.

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