domingo, 1 de julho de 2012

O Complexo de Celebridade



Celebridades participando de reality show?
Sem noção? Vaidade excessiva? Maluquice? Exibicionismo? Talvez um pouco de tudo isso. Talvez alguma outra coisa! Navego pela coluna de posts do Facebook e fico pensando nessas alternativas.

Redes sociais na internet e reality show são duas experimentações recentes na história da humanidade. Ambas envolvem basicamente seres humanos entretidos em algum tipo de conversa que é observada por terceiros. Conversa que agora se torna hipercoletiva pela mediação da tecnologia de informação e comunicação.

Até a invenção dos transportes motorizados boa parte da humanidade tinha um referencial de contatos para conversa que ficava dentro de um raio de poucos quilômetros. A maioria das pessoas só foi expandir para valer seus contatos de conversa no cotidiano apenas no século XX. Culpa do automóvel e do telefone!

Foi olhando para esse passado que o antropólogo britânico Robin Dunbar publicou um estudo em 1992 que tornou conhecido na comunidade científico-acadêmica o ‘Número de Dunbar’. Esse estudo sugeria que os seres humanos teriam um limite cognitivo entorno de 150 para o número de pessoas que, na média, um indivíduo poderia manter como relações sociais estáveis ao longo da vida.

Dunbar não tirou esse número da cartola, mas de estudos quantitativos e estatísticos. Ele acreditava que a nossa capacidade de manter contatos estivesse limitada pelo tamanho de nosso neocórtex.
Pois é… Ele ainda não conhecia a internet e subestimou a plasticidade de nosso cérebro.

Mas Dunbar está vivo. E está retrabalhando essas questões no Instituto de Antropologia Cognitiva e Evolucionista da Universidade de Oxford enfocando a psicologia e antropologia das redes sociais. Vai ter muito trabalho!

A tecnologia sem dúvida evolui mais rapidamente que nossos comportamentos. Mas nós, que estamos na infância da Sociedade Digital Global, vamos ter que aprender a ter conversas hipercoletivas próprias de uma humanidade globalizada de uma maneira mais elegante, digamos assim.

Enquanto isso, acontecem descompassos engraçados e surpreendentes. Antigamente quem tinha mania de grandeza era iconificado (êpa!) como Napoleão Bonaparte. Isso foi relativizado nos anos 60 quando Andy Wharol disse que todos nós seríamos famosos no futuro por quinze minutos. Aí era uma questão de organizar a fila e esperar o momento.
Agora, com as redes sociais digitais, todos nós podemos ser famosos o tempo todo! Ou, pelo menos, é assim que a gente se sente.

por Ricardo Neves.

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