sábado, 2 de junho de 2012

MMA: O fascínio das lutas sangrentas



Temos observado um crescimento súbito do MMA (Mixed Martial Arts - Artes Marciais Mistas, em português). Uma verdadeira coqueluche entre os adolescentes e adultos (incluindo mulheres). A moda do MMA está direcionada ao UFC (Ultimate Fighter Championship), evento que promove a modalidade das artes mistas.

Dirigido por Dana White, o evento é transmitido para 36 países e possui pretensões de crescer ainda mais. Atualmente, o valor de mercado do Ultimate gira em torno de US$ 1 bilhão.

Ídolos como Anderson Silva, Júnior Cigano dos Santos e José Aldo, só para citar alguns, são os três brasileiros que hoje detêm os cinturões de campeão de suas categorias. Com isso, a modalidade passa a tomar proporções gigantescas no país do futebol. Vôlei, tênis, natação ou o automobilismo já não competem com o UFC, e olha que são esportes que possuem destaques internacionais, bem como esportistas em evidência.

Porém, por que gostamos tanto de lutas?

Uma coisa é unânime. Quando discutimos o tema, mais do que a luta, o que motiva o fascínio das pessoas é a violência, ou isso é o que sustenta tais práticas. E não estou fazendo nenhum ataque ao MMA; são constatações. Socar, chutar, estrangular o adversário seria uma forma de exteriorar uma agressividade latente e que é manifestada por algum propósito. Seja por uma provocação, ideal de supremacia, frustração interna, o ato é sustentado por uma questão de poder, e sejamos francos, nenhum golpe fraco derruba o adversário. É necessário um golpe violento.

Vale lembrar que o homem luta desde sua existência. Os embates homéricos entre os gladiadores no Coliseu é um belo exemplo de diversão e violência. Essa referência fez sentido para Galvão Bueno, que na primeira transmissão feita pela Rede Globo num evento do UFC denominou os lutadores como os “gladiadores do novo milênio”.
A questão é que a violência é um propósito na modalidade do MMA, embora os lutadores não admitam isso, bem como são violentas, também, as brigas das torcidas uniformizadas.

Em defesa ao MMA, o discurso dos lutadores é que é um esporte que vem quebrando tabus, pois desmistifica a ideia de algo violento. O cerne de tudo é reconhecer a violência, porque a justificativa dos lutadores é baseada no medo de não serem reconhecidos como esportistas dignos e trabalhadores.

Lógico que são, e mais ainda, são ídolos. As pessoas que gostam de lutas, mesmo que não pratiquem, identificam-se com o lutador. Existe uma projeção da vida do indivíduo na atuação do atleta, e isso basta para assegurar o papel de importância do lutador. Somos um País cada vez mais carente de ídolos, e o UFC proporcionou o surgimento dos heróis.
Existe, portanto, uma necessidade em se reconhecer na imagem do herói, uma vez que, naquele momento, durante aquele embate, desfrutamos todas as sensações e sentimentos reprimidos. Da raiva à euforia. Nos permitimos aos extravasamentos porque somos autorizados a isso através do evento, que sustenta também, as pompas do glamour e do espetáculo.

Bater na cara de seu oponente a ponto de deixá-lo sangrando, enforcá-lo com o intuito de finalizá-lo, termo próprio do MMA, ou seja, asfixiá-lo ou desferir uma cotovelada, são golpes contundentes com propósitos violentos. No antigo Pride, evento que foi comprado pelo UFC, não era permitido a cotovelada, todavia, podia pisar na cara do oponente, estando ele no chão. Isso não é violento?

O cumprimento ao final da luta, por boa parte dos lutadores, passa a impressão do respeito e da redenção, entre o vencido e o vencedor. Conceitos como ética, equilíbrio emocional, amizade e companheirismo são ideais das artes marciais, referências e ensinamentos que deveriam ser de qualquer esporte.

Não trabalhar esses ensinamentos dá margem a distorções, pois as identificações vinculam-se através do afeto, e como citei anteriormente, uma pessoa frustrada pode espelhar-se na luta, dando vazão a sua agressividade. Daí, muitos adolescentes vão brigar sentindo-se grandes lutadores de muay thay ou jiu jitsu.

Por.Breno Rosostolato.

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