domingo, 8 de abril de 2012

Entre acertos e muitos erros



Você conhece um ramo de atividade em que o profissional é considerado bem-sucedido se conseguir acertar 50% de suas realizações? Imagine um cirurgião com uma média de sucesso em apenas metade de suas intervenções.

Esse médico, com certeza, em pouco tempo estaria trabalhando em um açougue, vendendo maminha pelo preço de filé. Ou ainda um engenheiro que só acerte 50% dos cálculos. Você o contrataria para fazer sua casa? Leve essa lógica para outras profissões: o professor, o policial, o piloto de avião (ops, neste caso o piloto só teria uma chance de insucesso na hora do pouso).

Pois existe uma atividade em que o sujeito pode se dar bem com um índice de acertos apenas razoável: jogador de futebol. Dou exemplos. O Grêmio tinha, até pouco tempo, um armador que, nos dias ruins (e não eram poucos), chegava a errar 60% das jogadas. Esse meio-campo chegou a ser convocado pelo Mano. E Messi agradece até hoje. Já o Inter tinha um volante, na década passada, que era bom no desarme, mas errava a maioria dos passes. Esse atleta é considerado um vencedor e sempre jogou em grandes clubes.

A verdade é que ficamos lenientes quando o assunto é futebol, um esporte cada vez mais competitivo. Os espaços em campo estão cada vez menores, dizem os especialistas. Esse é o futebol atual, que tanto idolatramos.

Mas me ocorre agora que existe outra atividade que consegue superar os boleiros nesta lógica: o político profissional. Nesse ramo o sujeito pode errar tudo, enganar a todos, aprontar como nunca e, quatro anos depois, acabar reeleito.

O senador Demóstenes Torres que o diga. O parlamentar goiano que sempre pintou como um paladino da integridade nacional agora se vê em meio a denúncias de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, para espanto geral.
No futebol, pelo menos, nós vemos o jogador pisar na bola. Na política, a bola é sempre nas costas do eleitor.


Por Sérgio Pereira.

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