sábado, 21 de agosto de 2010

Tráfico de água no Brasil


É comum vermos nossas autoridades públicas, os meios de comunicação em geral e a sociedade civil discutirem a respeito do tráfico de drogas, armas, pessoas e animais silvestres, mas pouquíssimo se fala a respeito do tráfico de nossa água doce, a chamada hidropirataria. O assunto é muito sério. Denúncias apontam que navios de carga europeus e do Oriente Médio estão enchendo ilegalmente seus porões com água de nossos rios, principalmente do rio Amazonas, para comercialização no exterior. Estima-se que cada navio comporte cerca de 250 milhões de litros de água e de acordo com a revista Consulex que já tratou do assunto, este contrabando é feito por petroleiros, geralmente na foz dos rios. Para facilitar o entendimento do amigo leitor, o rio Amazonas, por exemplo, quando vai desaguar no oceano Atlântico, forma um canal navegável de aproximadamente 320 km de extensão, com uma profundidade média de mais de 50 mts, suportando tranqüilamente o trânsito de um grande navio cargueiro. Infelizmente a hidropirataria é facilitada pela ausência de fiscalização. O Brasil possui quase 24 mil km de fronteiras, sendo mais de 07 mil km marítimas e mais de 15 mil km terrestres, e a Polícia Federal é o órgão responsável por sua fiscalização. Acontece que ao longo de toda fronteira brasileira, tem-se pouco mais de 20 postos de fiscalização. Ou seja, praticamente não existe fiscalização nenhuma e os criminosos sabem muito bem disto. A falta de fiscalização é tão gritante que, só a título de exemplo, na fronteira entre Brasil e Paraguai, presume-se que mais de 40 mil pessoas atravessem diariamente a Ponte da Amizade, a qual liga os dois países, sem nenhum tipo de controle e muitas dessas pessoas levam e trazem drogas, armas e todo tipo de contrabando. Continuando, investigações apontam que a lucratividade das organizações criminosas está no custo do tratamento desta água furtada. Empresas estrangeiras engarrafadoras de água lucram muito mais tratando nossa água contrabandeada do que dessalinizando águas subterrâneas e oceânicas, por exemplo, processo comum na Europa e Oriente Médio, onde a falta de água é uma constante. Além do mais, com o contrabando aquelas empresas não precisam pagar as altas taxas cobradas pela União Europeia para utilização das águas dos rios europeus. Necessário e urgente que este assunto entre na pauta do governo federal e estaduais, principalmente os da região Norte, ainda mais agora que estamos no período eleitoral. Termino, pedindo licença para transcrever esta pequena e singela frase elaborada por uma estudante de uma escola municipal: “Água, maior que a vontade e a necessidade de te beber pra minha sede matar, deveria ser a de te preservar pra nunca vir a faltar”.

Roosevelt Santos Paiva no DM.

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